Venezuela quer 75% do território da Guiana e conflito ameaça brasileiros

Se as fronteiras forem fechadas não haverá comércio, turismo e negócios

Entenda porque Nicolás Maduro quer parte do país que já foi colônia da Inglaterra

Brasília (ÚNICO) – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sacou dos livros de história um acordo internacional não resolvido desde 1966 e está reivindicando um pedaço do país vizinho, a Guiana, que já foi uma colônia da Inglaterra. Neste domingo (2), Maduro faz um plebiscito com a população para saber se eles apoiam a reivindicação de 75% do território do país vizinho.

No meio desse início de conflito estão brasileiros que vivem na cidade de Lethem, na Guiana e em Bonfim, no estado de Roraima, cidades-irmãs divididas apenas pelo rio Tacutu. Todos os dias, vários brasileiros cruzam a fronteira para fazer compras nas lojas mais baratas da Guiana, para trabalhar ou para fazer negócios com a nova revelação da economia mundial. E o fluxo contrário também acontece.

Retração econômica

O que os brasileiros temem é o aumento das hostilidades entre Venezuela e Guiana e o fechamento da fronteira, já que muitos deles trabalham, têm empresas ligadas ao turismo, hotéis, restaurantes e pousadas e até moram em Lethem. Um possível fechamento da fronteira preocupa Tarcísio Bezerra Almeida, dono de uma loja de materiais de construção em Bonfim. “O principal medo da gente que empreende aqui é a questão do fechamento da Fronteira. Existe boato da possibilidade de haver um fechamento. Isso impactaria diretamente nossa mercadoria”, afirma o brasileiro, que vende produtos de construção, como tijolos, para clientes em Lethem.
O Ministério da Defesa brasileiro informou que tem acompanhado a situação e que intensificou suas ações na “fronteira ao norte do país”, com um aumento da presença de militares na região.

Para entender o caso

Cidade de Lethem, na Guiana; brasileiros trabalham e têm empreendimentos na fronteira* (Foto: Vitor Abdala/Agência Brasil)

No começo do século 19, a Venezuela tornou-se independente da Espanha
Em 1814 um tratado entre Reino Unido e Holanda deu para a Inglaterra a área da Guiana.
Os venezuelanos não aceitaram a divisão e uma comissão internacional foi formada em Paris para arbitrar a questão.
Em 1899, um laudo deu posse definitiva da área para os britânicos. Isso perdurou até o fim dos anos 1940, quando recomeçou uma campanha de Caracas, agora baseada na acusação de que o acordo era fraudulento e fora influenciado por Londres.
Em 1966, quando Caracas e Londres ainda disputavam a região, a Guiana tornou-se independente da Inglaterra.
Em 1982, a Venezuela por fim decidiu não confirmar o protocolo que dava as terras da Guiana para a Inglaterra e o assunto acabou sendo levado à ONU.
De lá para cá, a Venezuela passou por Hugo Chávez e Nicolás Maduro, que agora quer reivindicar o território com base em um acordo que nunca foi fechado.

O que Maduro quer

Petróleo. Esse é o principal produto econômico da região que está sendo reivindicada pela Venezuela, chamada de Essequibo, mesmo nome do rio que corta a província. O governo guianense fez um acordo com a petroleira americana ExxonMobil para a prospecção em toda a região de Essequibo e foram localizadas reservas potenciais a 190 km da costa. Além disso, o território todo é salpicado de reservas minerais que incluem o precioso urânio, base da indústria nuclear, ouro, bauxita, ferro e outros.


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