Filhos que matam na guerra do trânsito cada vez mais violento de Manaus

Claudio Barboza

Na quarta-feira (2), um adolescente de 14 anos atropelou e matou o funcionário do Colégio Século, identificado como Cisbes Carvalho de 45 anos. O trágico acidente aconteceu no início da noite em uma faixa de pedestre na avenida Coronel Teixeira, bairro da Ponta Negra. O excesso de velocidade do veículo ocupado pelo menor pode ser observado no vídeo abaixo.


O adolescente dirigia um Honda City, placa NOR6181 e atingiu em cheio Cisbes Carvalho, que havia saído do trabalho, no momento em que ele atravessava a faixa de pedestre. É possível ver no vídeo que ele se preparou para atravessar na faixa. Parou,olhou, sinalizou com a mão pedindo que os veículos parassem. Mas um não parou!


Filho de empresário local, ao que consta, dono da empresa Info Store,o adolescente foi detido no local, levado a uma delegacia e depois liberado. Do outro lado, familiares de Cisbes Carvalho foram buscar o corpo. Da escola Século não se teve nenhuma manifestação. Uma nota, sequer.


Um caso a mais no violento trânsito de Manaus, onde os acidentes se sucedem sem que se tenha alguma iniciativa concreta para enfrentar a situação.


Em 1982 ganhei o meu primeiro Prêmio Esso de Jornalismo, com uma série de reportagens sobre o trânsito de Manaus, publicadas no jornal A Crítica. De lá pra cá, só piorou!

✅ Pais lavam as mãos

É visível a olho nu a presença de menores dirigindo nas ruas de Manaus, em qualquer horário e nos mais diferentes locais da cidade. Da emergente Morada do Sol ao populoso bairro de São José, o que muda é o tipo de veículo. Nas áreas mais ricas os carros, evidentemente, são mais novos e possantes. O oposto acontece nos locais menos endinheirados.


Tanto em um local quanto em outro, no entanto, a conivência dos pais é total. Entregar o carro ao filho ou à filha, parece ser a maneira mais fácil de se livrar de algum contratempo momentâneo. Quem sabe uma forma de premiar o herdeiro , afinal, o carro ainda é um grande símbolo de poder e realização na sociedade. Ou simplesmente, fazer com que o filho se mantenha ocupado com alguma coisa e dê um tempo, como se diz, afinal, tempo é algo que os pais cada vez têm menos para os filhos, daí, portanto, a tal compensação. Leva o carro e faço de conta que não vejo. Enquanto isso, vidas que se vão aos olhos complacentes dos órgãos que deveriam exercer a fiscalização preventiva.


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