Governo Lula suspende instalação do novo ensino médio por 60 dias

Amazonas está implantando o novo currículo desde 2021

Novas audiências, oficinas e debates serão abertos com os setores interessados

Brasília (ÚNICO) – O Ministério da Educação suspendeu por 60 dias a implantação do cronograma do novo ensino médio. A portaria com a suspensão, assinada pelo chefe da pasta, Camilo Santana, foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (5). O prazo de suspensão passa a valer após a conclusão da consulta pública para a avaliação e reestruturação da política nacional de ensino médio. Durante esse período, o ministério vai decidir como deve reestruturar o formato educacional das últimas séries da educação básica.

Mais audiências e oficinas

Em março, o ministério abriu a consulta que vai receber manifestações até o início de junho, mas o governo pode prorrogar o prazo, caso necessário. Serão realizadas audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais com estudantes, professores e gestores escolares sobre a experiência de implementação do novo ensino médio nos 26 estados e no Distrito Federal.
O ministro da Educação, Camilo Santana disse que o governo vai ouvir a opinião de entidades da sociedade civil, de representantes de governos estaduais e do Congresso Nacional para decidir como deve funcionar o ensino médio. “Nós estamos em um processo de consulta e de discussão para que possamos aperfeiçoar e melhorar todo o ensino médio. Nosso objetivo é garantir um bom ensino médio para a juventude, adaptado e voltado para as atualidades do mercado de trabalho”, comentou Santana.

No Amazonas

No inicio do ano letivo de 2023, o governador do Amazonas, Wilson Lima, chegou a lançar a segunda etapa do novo ensino médio, conforme previsto no cronograma de implantação, ou seja, as novas matérias seriam incluídas no currículo dos alunos da 1ª série do Ensino Médio. Ao mesmo tempo, os estudantes da 2ª série do Ensino Médio entrariam em uma nova fase, também teriam disciplinas focadas em projeto, tecnologias e outras habilidades. Com a suspensão do programa, ainda não há definição do que vai acontecer.
No Amazonas, cerca de 147 escolas já receberam o programa piloto do Novo Ensino Médio. Destas unidades, 76 são da capital amazonense e 71 do interior do Estado.

A polêmica

Não existe consenso sobre o novo ensino médio no país. Os que aprovam dizem que é positivo para a formação profissional dos alunos e foca em mais matérias de interesse deles e não apenas nas obrigatórias.
Já os que são contra, explicam que as redes de ensino não têm estrutura nem professores suficientes para dar conta de novas matérias e as novas ainda tiram tempo das disciplinas tradicionais ao mesmo tempo em que criam uma flexibilidade que pode reforçar as desigualdades na educação.

O que é o novo ensino médio

– O novo ensino médio amplia a carga horária, de 800 horas para 1.000 horas anuais, e reformula o currículo
– Das 3.000 horas do curso, 1.800 (60%) são reservados para uma grade comum a todos, com as matérias tradicionais, como matemática e português
– As outras 1.200 horas (40%) são dedicadas a disciplinas dos chamados itinerários formativos, que as são opções de currículos específicos, que cada aluno deveria escolher
– A reforma foi determinada por uma lei assinada durante o governo Temer, em fevereiro de 2017
– Já o cronograma foi definido em uma portaria, assinada em 13 de julho de 2021, no governo Bolsonaro, e previa três fases:
2022: implantação no 1º ano do ensino médio de todas as escolas
2023: implantação também no 2º ano do ensino médio
2024: implantação no 3º ano, abarcando assim todo o ensino médio

Os itinerários formativos

– São grandes áreas escolhidas pelos estudantes para terem maior aprofundamento. São cinco os itinerários criados por lei:

Matemática e suas tecnologias
Linguagens e suas tecnologias
Ciências da natureza e suas tecnologias
Ciências humanas e sociais aplicadas
Formação técnica e profissional
– Os itinerários podem ser combinados: matemática + linguagens ou ciências da natureza + linguagens, por exemplo
– Podem também ter nomes mais criativos, como Investigação Científica (ciências da natureza) ou Penso, logo existo (ciências humanas)
Desta forma, o aluno poderá estudar todos os conhecimentos imprescindíveis para a vida em sociedade e, ainda, sairá do Ensino Médio mais preparado para o mercado de trabalho. A previsão do Governo Federal é de que, até 2024, o novo formato de educação seja aplicado em todo o país.


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