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Caciquismo gosta de fidelidade

Por: Carlos Santiago

Sociólogo, Analista Político, Advogado e Membro da Academia de Letras e Culturas da Amazônia – Alcama.

A volta por cima do governador e os paparicos

Sorriso novo, cabelos grisalhos, barba e óculos, cantando e tocando violão, sendo paparicado por autoridades públicas e por empresários, e anda com um pré-candidato nas ruas de Manaus. Ele nem parece o governador que há 04 (quatro) anos não lançou e nem apoiou publicamente nenhuma candidatura a prefeito da capital por falta de força política.

Wilson Lima foi eleito governador do Amazonas em 2018. Era a renovação da política. Surfou na onda popular que buscava lideranças fora do caciquismo e do mandonismo da política tradicional. O discurso do novo que conquistou o eleitorado de várias regiões do país, elegendo novos governadores e até o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Nos anos de 2019/ 2021, Wilson Lima enfrentou pedidos de CPIs e de impeachments na Assembleia Legislativa do Amazonas- Aleam, teve erro na pandemia da covid19, sofreu denúncias de corrupção e enfrenta um processo judicial que ainda tramita no Superior Tribunal de Justiça – STJ, envolvendo compras de ventiladores na pandemia.

Na eleição municipal de 2020, com índices altíssimos de reprovação popular, o governador não lançou e nem apoiou oficialmente nenhuma candidatura à prefeitura de Manaus, preferiu apostar na formação de uma bancada de vereadores e nas eleições de prefeitos do interior do Estado.

Em 2022, Wilson Lima fez novas movimentações políticas objetivando a sua reeleição. Filiou-se ao recém-criado partido União Brasil. Levou vários partidos, caciques da política e lideranças regionais e nacionais para o seu projeto de poder, como o prefeito da capital, o presidente Bolsonaro e a maioria dos administradores do interior do Amazonas, formando uma grande coligação eleitoral que o ajudou na sua reeleição.

Depois do pleito de 2022, muito fortalecido, o governador elegeu os seus correligionários para o comando da Câmara Municipal de Manaus – CMM e da Assembleia Legislativa do Amazonas – Aleam. Mostrando muita força política, ele inviabilizou uma oposição no Poder Legislativo Estadual e fora dele.

Ele tem força até dentro dos partidos de esquerda. O deputado Sinésio Campos (PT) continua com forte influência no governo. O ex-deputado Serafim Corrêa (PSB), que fez parte da CPI da Saúde contra o governo Wilson Lima, hoje é secretário na gestão dele. E o Partido Democrático Trabalhista – PDT, comandado por Luís Castro que foi secretário da educação do atual governador, não resistiu e já declarou apoio ao pré-candidato indicado por Wilson Lima.

O atual cenário político para o governador é tão diferente do ano de 2020 que a única estratégia eleitoral (até o momento) do seu pré-candidato é dizer que o seu nome é uma escolha de Wilson Lima. E o prefeito David Almeida, que quer a reeleição, evita fazer críticas ao governador e ao governo.

Então, sem oposição política significativa no Poder Legislativo estadual e fora dele, com boas relações com membros dos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas e o Ministério Público, sem críticas na mídia virtual e na tradicional, resta ao governador o céu de brigadeiro e os paparicos.


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