Em 82 dias de mandato, Amom Mandel se diz adaptado e revela suas dificuldades em Brasília

Deputado federal conta ao ÚNICO seus primeiros dias no parlamento federal

Ele faz críticas ao péssimo ambiente de trabalho, busca relatar o projeto dos créditos de carbono e se declara independente

EXCLUSIVO

Valéria Costa
Correspondente

Brasília (ÚNICO) – Era pouco depois das 15h (hora de Brasília) de quarta-feira (20), meio de semana e um dos dias mais quentes para quem acompanha e transita pela Câmara dos Deputados, quando o deputado federal Amom Mandel (Cidadania) recebeu a reportagem do ÚNICO em seu gabinete, que fica no 7º andar do Anexo 4 da casa legislativa. Aos 22 anos, completados em janeiro deste ano, ele é o deputado federal mais jovem e mais votado do Estado, com 288,5 mil votos.


Apesar da idade, Amom não quer passar como mais um “garotinho” que conquistou duas vitórias seguidas: ser eleito o vereador mais jovem de Manaus em 2020 e emendar uma eleição histórica para a Câmara dos Deputados. Ele quer mais.

Adaptação ao péssimo ambiente de trabalho

Em 82 dias de mandato, o deputado se diz adaptado a Brasília e à Câmara e divide seus dias, de forma didática e minuciosamente organizada, entre o trabalho legislativo, reuniões de comissões, estudos acadêmicos e suas viagens de fim de semana ao Amazonas e às bases eleitorais. “Nós temos uma agenda bastante apertada. A gente tenta otimizar esse espaço de tempo”, disse.


Ele revelou que a única dificuldade que está tendo é de, realmente aceitar “esse péssimo ambiente de trabalho”, referindo-se à pluralidade de ideologias da Câmara dos Deputados. Mesmo assim, ele reconhece que no meio dessa multidão há políticos honestos, com quem procura fazer parceria para colocar em prática projetos que ele considera de impacto para a população – amazonense e brasileira.

Politicagem no dia a dia

Ele deixa escapar em seu discurso que há um grande desconforto em ter que conviver com uma pluralidade muito grande de pessoas que trazem consigo toda sorte de vícios e artimanhas adquiridas com o fazer política. “Extremamente revoltante estar aqui e ver que no dia a dia eu sou forçado a conversar e a dialogar e ter esse tipo de relação com pessoas das quais eu não gosto, que não admiro e que tenho sérias desconfianças quanto ao caráter. Eu vejo aqui muita gente, tanto na esquerda quanto na direita, fazendo o que a gente chama de ‘politicagem no dia a dia’, de criar narrativas para manipular a opinião pública quando, no fim, a maior parte deles não quer realmente resolver alguns problemas”.


Sem citar nomes, uma das críticas é direcionada para quem ataca a Zona Franca de Manaus, por exemplo, sem conhecer o modelo econômico e sua importância para a região. “Mas, tenho tentado superar todos os dias esses desafios e aprender todos os dias”, acrescentou.

Com o vice-presidente Geraldo Alckmin, em reunião da Suframa (Foto: Reprodução/Instagram)

Independência

Filiado ao Cidadania, que se declarou independente do governo Lula e sem se atrelar à oposição, Amom usa essa estratégia para analisar o comportamento legislativo. O deputado disse que tem adotado a mesma linha política que pautou seu mandato na Câmara Municipal de Manaus: transparência, independência e fiscalização dos agentes públicos.


E adiantou que o fato de ter que conviver com essas pessoas e tratá-las com respeito “não quer dizer que eu vou me omitir de denunciá-las”. “Então, esse é o meu posicionamento, sempre vai ser e eu prefiro sair da política do que me calar para esse tipo de coisa”.

Preparando o caminho

Sem revelar se tem pretensões eleitorais rumo ao Executivo municipal ou estadual, Amom Mandel está preparando seu futuro como gestor. Nos próximos três meses, ele finaliza a faculdade de Gestão Pública, que faz em Manaus e já está de olho em uma pós ou mestrado na área. Esse curso, ele está fazendo de forma remota, à noite.


Em paralelo, ele se divide com a faculdade de Direito – que fazia na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), mas que transferiu para o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em Brasília, onde estuda pela manhã, antes de ir para as sessões na Câmara dos Deputados.

Projetos

Amom se articula, dentro da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, para herdar a relatoria do projeto que trata do mercado de crédito de carbono, que era do ex-deputado federal Marcelo Ramos (PSD). “Eu quero que continue na mão do Amazonas e não dos deputados de outros Estados, porque eu acho que é uma oportunidade de a gente diversificar nossa matriz econômica no Amazonas”, acrescentou.


O deputado também tem defendido e apresentado propostas para fortalecer as áreas da saúde, segurança pública e social. Um deles é uma PEC que está amadurecendo sobre o alistamento militar obrigatório. Seu objetivo é priorizar a população de mais baixa renda, ao contrário do que acontece hoje.


“Hoje, as Forças Armadas acabam selecionando as pessoas que já têm uma formação melhor e uma experiência melhor para que eles ajudem a melhorar seu quadro, quando eu acho que, na verdade, o papel social das Forças Armadas, hoje, deveria ser maior. Contratar as pessoas que precisam mais disso e após isso, investir na profissionalização de todos eles”, defendeu.


Amom participa como suplente de várias comissões técnicas da Câmara, nas quais participa em forma de rodízio com outros membros e, como titular, está na da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais.


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