Políticos sem habilidade e a imprensa

Em 1989 eu tinha 18 anos de idade e estreei no rádio, e de cara, entrevistando pela primeira vez, um prefeito de Manaus. Era Arthur Neto. Em 1993 assumiu Amazonino Mendes, seguido por Eduardo Braga,que passou o governo para Alfredo Nascimento, que entregou interinamente para Carijó. Em 2005 assumiu Serafim Correa, na sequência Amazonino voltou para cumprir seu segundo mandato, e em 2013 volta Arthur Neto. São nove prefeitos , passando pelo PMDB, PFL, PR, PPB, PSB , PDT e PSDB . Convivi com todos o tempo todo, à exceção de Manoel Ribeiro por um terço do mandato.

Conheço bem os modos operantes da política e não é pra menos. Sei quem é bem-intencionado, quem é enganador, quem tem capacidade de gestão e quem aposta tudo no populismo irresponsável. Quem é do mal, perseguidor, manipulador e manipulável, como também quem é correto, franco, respeitador e que não se deixa levar pela ilusão do poder eventual. Paguei e ainda pago caro nesta convivência de eterno confronto, vezes pela intolerância ou imaturidade de quem chegou ao comando político, como também em casos por erros que certamente cometemos.

No entanto, uma lição que aprendi e o tempo confirma e reafirma é que os agentes políticos, tanto do Executivo quanto do Legislativo, em sua maioria são inábeis na relação com a imprensa, censores em sua mais vil forma e autoritários em todas as reações. Ao longo de todo este tempo eles creditaram a si próprios as notícias positivas sobre seus governos, enquanto sempre apontaram todos os dedos contra os profissionais da imprensa quando o que era divulgado não lhes agradavam, mesmo sendo a verdade ou, pelo menos, a pura realidade.

Não seria desonesto a ponto de generalizar, mas me permito ao direito de não citar nomes de um lado nem de outro, mesmo porque a intenção não é esta. E nem é um lamento. Com toda a transformação provocada pelo avanço tecnológico e pela comunicação virtual, mesmo assim a imprensa vai continuar tendo importante papel na democracia desde que ela se alie cada vez menos aos governantes de plantão e cada vez mais ao cidadão. É que a vida nos ensinou que o que o político quer esconder cabe à imprensa descobrir.

Quanto aos agentes políticos que estão por vir, nossa torcida é para que o povo aprenda cada vez mais discernir estelionatários eleitorais de gestores com capacidade de falar menos e ouvir mais, promover uma reforma que diminua o custo da máquina administrativa, acabar com apadrinhados que roubam o dinheiro público e priorizar gastos para que sobrem recursos para investimentos que o povo há tanto espera.

Quanto a profissionais de imprensa como eu, os políticos podem comemorar porque estamos adiando um pouco mais, mas a aposentadoria é certa e nossa repescagem não passa de mais alguns anos.

Jucem Rodrigues, Comunicador, Marketologo, fusqueiro e apaixonado por Manaus.


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