Ministro da Defesa ameaça golpe militar e gera reação forte do Congresso Nacional

O ministro da Defesa, Braga Netto, fez chegar ao gabinete do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o recado de que não haveria eleições em 2022

Braga Netto disse que não haverá eleições se não houver voto impresso

Investigação de militares pela CPI da Pandemia seria o motivo

O ministro da Defesa, Braga Netto, fez chegar ao gabinete do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o recado de que não haveria eleições em 2022, se não houvesse voto impresso e auditável. A informação foi revelada pelo Estadão, que disse ainda que ao dar o aviso ao parlamentar, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. A subida de tom de Braga Netto se dá justamente no momento em que a CPI da Covid passa a descobrir o envolvimento de militares nas negociações para a compra de doses de vacinas.
Ao receber o recado do ministro da Defesa, diz o jornal, Arthur Lira procurou Jair Bolsonaro e disse, segundo interlocutores, que não contasse com ele para qualquer ato de ruptura institucional. O deputado afirmou se manter fiel ao presidente, mas não admitiria golpe
A reação às ameaças de Braga Netto foi imediata. Parlamentares de diferentes espectros se manifestaram pelas redes sociais. O presidente da Câmara, no entanto, afirmou por meio de sua assessoria, que não vai comentar.
O líder da minoria na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), classificou como “extremamente grave a denúncia de que o Ministro da Defesa teria ameaçado o Congresso Nacional. Não cabe ao Ministro da Defesa querer impor ao Parlamento o que deve aprovar, nem estabelecer condições para que as eleições aconteçam. O papel constitucional das Forças Armadas é garantir os poderes constitucionais, e não subordiná-los. Vou propor que a Câmara convoque o Ministro em Comissão Geral para esclarecer os fatos.”
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM) publicou em suas redes sociais: “Numa democracia, quem decide se tem ou não eleição não são os militares e sim a Constituição que eles juraram defender e cumprir. Portanto, se realmente houve o episódio, o ministro da Defesa, Braga Neto, se afasta do seu juramento militar e envereda por um golpismo que precisa ser combatido duramente pela sociedade, pelos Poderes e pelas instituições democráticas. A notícia de que o presidente Arthur Lira foi claro ao presidente Bolsonaro se postando ao lado da Democracia e da Constituição é uma questão importante”.

Militares investigados

A CPI da Pandemia investiga três eixos principais de participação de militares do Exército Brasileiro. A primeira é a tentativa da empresa Precisa Medicamentos de vender doses da vacina indiana Covaxin ao Ministério da Saúde, no fim de 2020, como ministro general Eduardo Pazuello à frente.
A segunda é a participação de pessoas oriundas da caserna na suposta negociação de 400 milhões de doses do imunizante do laboratório britânico AstraZeneca pela empresa americana Davati, representada no Brasil pelo cabo da PM Luiz Paulo Dominghetti Pereira.
E a terceira é que, o Laboratório do Exército produziu, a mando do governo federal, o super estoque de cloroquina, um medicamento antimalárico sem ação contra a covid-19.
A apuração desses três casos está avançando durante o recesso do Congresso, que vai até o começo de agosto. Ao menos sete militares já foram citados pela CPI da Covid em casos de suspeitas de irregularidades durante o período em que comandaram o Ministério da Saúde, durante a gestão Pazuello, general da ativa do Exército.


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