Neste difícil momento que o Rio Grande do Sul enfrenta a maior enchente, publico “Tempo das Monções” em mais uma tentativa de alertar para a causa da revolta da mãe natureza: o uso dos combustíveis fósseis.
Minorar o sofrimento é da natureza humana, daí as campanhas humanitárias em todo o Brasil para ajudar o Rio Grande do Sul. No entanto, ninguém está cuidando do mal na sua raiz: a mudança climática que o uso excessivo dos combustíveis fósseis estão causando a mãe terra.
Tempo das monções.
Março é o mês
Das monções irrigar
As semeadura feitas
No fim da estiagem.
É o tempo de arrancar
As ervas daninhas,
Cortar o mal pela raiz,
Renovar a esperança
De nossa fé na vida
Sobre a terra molhada.
Tempo das moncões,
Aluviões lavam almas,
O verde viça mais verde
Aninha nos nossos ninhos
A esperançar do porvir
Aromático dos roseirais
Existentes nas várzeas;
E o colorido dos ipês
Dos jardins naturais
Nas matas de terra firme.
Na estação das chuvas
O céu vira cor de chumbo,
Mas abastece os rios
Famintos de vida.
O estio mata de sede
Os arbustos jovens;
As árvores cansadas
Quedam-se ante
Aos corredores Elísios
Renovadores dos jasmins.
A esperança,
Batel da temperança
Carrega-se de magia
Dos bravios temporais.
As ventanias violentas
Modelam a face amiga
Do ambiente regional.
No sazonal verão,
É água dos alagamentos,
E na seca, sofrimentos.
Os corações humanos
Carregam-se de emoções
No tempo das monções;
Acreditam nas chuvas,
Renovam-se de amor,
Para celebrar a fartura
Pródiga da terra amada
No solstício do inverno
Ainda no ano vindouro
Em festas rituais.
No tempo das monções
Os telhados da vida
Vazam mimos de águas
Para as terras pretas
Germinar as sementes
Das plantas perenes
Nas terras firmes;
A canarana se larga
Dos baixios dos rios
Ao amor das correntes.
No tempo das monções
O estirão esconde
O outro lado do rio
E o arbol das margens
Sob uma fina neblina
De vapores d’água
Suados pela floresta,
Mágica dos braços
Que carregam o grande
Rio Doce das Amazonas.
João Melo Farias
Ixé Tupinambarana