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Cidades-esponja: adaptação à crise climática

Por: Michele Lins Aracaty e Silva

Economista, Doutora em Desenvolvimento Regional, Docente do Departamento de Economia da UFAM, ex-vice-presidente do CORECON-AM.

Economia da Bicicleta do Brasil

bicicleta

O Brasil é o quarto produtor de bicicleta no mundo, com aproximadamente 5 milhões de unidades produzidas por ano. Em 2020, em decorrência da maior emergência sanitária do Século XXI, os números do setor caíram, em um primeiro momento, para, depois, registrarem altas históricas. A retomada das atividades econômicas em decorrência do avanço da vacinação e do afrouxamento das medidas de isolamento social favoreceram o segmento, ocasionando escassez de peças e acessórios bem como o atraso no fornecimento do produto final acabado ao mercado consumidor.
A Economia da Bicicleta constitui um segmento que fomenta uma cadeia produtiva significativa, que tem o seu início na fabricação, passa para a manutenção, compra, venda e troca de acessórios e serviços em geral. A bicicleta por sua vez, contribui para a fomentar a economia local e durante o período mais crítico da pandemia transformou-se em ferramenta de trabalho para os cicloentregadores.
A Economia da Bicicleta no Brasil representa um complexo econômico sistêmico e de elevada importância para o setor produtivo. E pode ser mensurada por um conjunto de indicadores, dimensões, subdimensões e temáticas, com destaque para: a cadeia produtiva, as políticas públicas, os transportes, as atividades a fins e os benefícios.
Em relação à cadeia produtiva: são 297 unidades fabris, 7.028 empregos diretos, 5.178.356 unidades/ ano produzidas (correspondendo a um faturamento de R$ 728.320.000,00), 40.544.797 peças e acessórios produzidos (correspondendo a um faturamento de R$ 134.006.000,00) (RAIS e PIA/IBGE, 2015).
Em relação à fabricação nacional por região, temos que: a Região Norte é responsável por 21,2% da fabricação nacional, ficando atrás da Região Sudeste que fabrica 38,2% e da Região Sul que participa com 22,1% da produção. É na Regiao Sudeste que se concentra a maior quantidade de unidades fabris (168), maior número de empregos gerados (3.659) e o maior valor das remunerações.
Ainda em relação à cadeia produtiva, a importação supera a exportação, tanto no que tange ao produto acabado como em relação a peças e acessórios.
Em relação à origem dos produtos, a China é o nosso principal fornecedor, seguido por: Taiwan, Camboja e Portugal. As exportações brasileiras têm como destino os nossos vizinhos: Paraguai, Uruguai, Bolívia e Chile.
Quando analisamos a Economia da Bicicleta com foco nas Políticas Públicas, temos uma análise com base em: infraestrutura de circulação, infraestrutura de estacionamento e bicicletas compartilhadas.
Em relação à infraestrutura, estima-se que seja necessário um montante de investimento no valor de R$ 1.200.695.380 para a implantação de malha cicloviária nas capitais brasileiras.
Ainda em relação à malha cicloviária, atualmente, dispomos de 3 mil km de extensão de ciclovias e ciclofaixas implantadas nas capitais brasileiras, com destaque para São Paulo e Brasília.
Em relação ao compartilhamento, 13 capitais brasileiras possuem sistema público de bicicleta compartilhada, totalizando 906 estações com 7.861 bicicletas disponíveis (com destaque para o Rio de Janeiro).
A Economia da Bicicleta tem a sua expressividade quando analisamos a sua importância para a ciclologística, seja para o uso pessoal, cicloativismo, cicloturismo ou mesmo em relação ao cicloempreendedorismo.
Em relação ao cicloempreendedorismo (ou negócios com pedalada), corresponde à atividade na qual a bicicleta é utilizada como objeto central para práticas empreendedoras, gerando renda e emprego, como por exemplo, uma Bike Café.
Não poderíamos deixar de fora desta reflexão os benefícios do uso da bicicleta para a saúde bem como para o clima e energia. Para a saúde, o foco é a atividade e o bem-estar proporcionado pelo hábito de pedalar.
A bicicleta contribui para reduzir a ansiedade, o estresse, o risco de derrame, a diabetes, o câncer e doenças do coração; ajuda a aumentar a capacidade cardiorrespiratória, a autoestima, o humor e contribui para a qualidade do sono.
Já em relação ao clima e energia, temos que: o hábito de pedalar contribui para que toneladas de monóxido de carbono deixem de ser emitidas o que proporciona melhoria da qualidade do ar nos grandes centros urbanos e impacta direta e indiretamente na qualidade de vida dos seus habitantes.
A mobilidade urbana também se beneficia com uso de bicicletas e os ciclistas além de apreciarem mais as cidades, seu uso contribui para a redução dos indicadores de obesidade que seguem altos em todas as regiões pesquisadas.
Em relação à obesidade, Manaus ficou no top do ranking entre as capitais brasileiras com o maior percentual de adultos acima do peso. A capital do Amazonas, tem 23,4% da população adulta bem acima do peso (Vigitel, 2021).
Precisamos olhar para a “magrela” com os olhos do futuro. E quem puder que vá de bike! A saúde, a economia e o planeta agradecem.

O conteúdo deste artigo é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do ÚNICO


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