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Tratamentos espirituais

Por: Juscelino Taketomi

Jornalista, há 28 anos servidor da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam)

A Revolução dos Cravos e o renascimento da democracia e da liberdade em Portugal

Em um abril marcado pela cor das flores e pela esperança que brotava nos corações dos portugueses, o país de Luís Vaz de Camões e Fernando Pessoa se viu, de repente, transformado pela Revolução dos Cravos, um marco histórico que completa 50 anos nesta quinta-feira, 25 de abril.

O movimento eclodiu pouco depois do selvagem golpe de Estado que depôs Salvador Allende (1908-1973) e destruiu o sonho de implantação do socialismo por via do voto popular no Chile, em 11 de setembro de 1973.

O que começou como um movimento de resistência contra uma ditadura opressiva acabou por inaugurar uma nova era de liberdade e progresso para Portugal.

Antes do 25 de abril de 1974, as ruas de Lisboa viviam envoltas em um clima de medo e repressão. A sombra da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) pairava sobre todos aqueles que ousassem desafiar o regime ditatorial de Marcelo Caetano.

Era uma época em que a liberdade de expressão era sufocada e os direitos humanos, violados de forma sistemática. Eram tempos de truculência e chumbo. Contudo, foi nesse cenário sombrio que a coragem e a determinação do povo português brilharam com intensidade.

Como os cravos vermelhos que adornavam as vestes dos manifestantes, a resistência floresceu em meio à opressão. E quando os militares tomaram a decisão corajosa de deflagrar a Revolução dos Cravos, abriram-se as portas para um novo amanhecer.

“Foi bonita a festa, pá, fiquei contente”, como disse o cantor e compositor Chico Buarque na célebre canção “Tanto Mar”. O fim da ditadura de 48 anos libertou o povo português das correntes da opressão e desencadeou uma transformação social e política sem precedentes.

Números da mudança

Dados divulgados pelo jornal O Globo destacam o impacto positivo da democracia na vida dos cidadãos portugueses: a taxa de analfabetismo despencou de 25,6% em 1970 para 3,1% em 2021, enquanto os índices de acesso a serviços básicos como água canalizada e instalações sanitárias aumentaram significativamente.

Mulheres, que antes eram relegadas a um papel de submissão pelo antiquado Código Civil do século XIX, foram protagonistas dessa mudança. Da ocupação de casas às greves nas fábricas, elas se ergueram para reivindicar seus direitos e conquistar um lugar de igualdade na sociedade.

O 25 de Abril dos belos cravos vermelhos abriu as portas das prisões políticas e as mentes de uma nação inteira, inaugurando uma era de progresso e inclusão.

A Revolução dos Cravos não foi um simples momento de ruptura política, mas um catalisador cultural que atraiu olhares do mundo inteiro.

O turismo da Revolução trouxe consigo uma onda de intelectuais e artistas renomados, ansiosos para testemunhar de perto o renascimento de uma nação. E ainda hoje, essa herança de coragem e resistência continua a inspirar tanto os portugueses quanto pessoas em todo o mundo, pessoas que lutam por justiça e liberdade.

Contra o autoritarismo

Enquanto Portugal celebra os 50 anos da Revolução dos Cravos, é fundamental lembrar, sim, o passado, mas urge enfatizar o compromisso contínuo de todos nós com os ideais democráticos.

Diante das ameaças do ressurgimento de ideologias autoritárias, é mais importante do que nunca proteger e fortalecer as instituições que garantem a liberdade e a igualdade para todos os cidadãos.

Que o legado da Revolução dos Cravos perdure por muitas gerações, como um lembrete poderoso de que, mesmo nas horas mais sombrias, a luz da esperança e da liberdade jamais se apaga. Viva o 25 de Abril! Viva a democracia e a liberdade em Portugal!


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