Edson Nogueira Fernandes Junior
É inegável a importância econômica e social do setor de tecnologia da informação e da comunicação no mundo moderno. A evolução tecnológica vem ocorrendo em uma velocidade cada vez mais rápida. Aparelhos celulares, smartphones, tablets e aplicativos fazem parte do dia a dia de boa parte da população mundial economicamente ativa e em muitos casos viraram instrumentos de trabalho. Como toda transformação, temos muitos aspectos positivos, mas problemas também surgem. Todas as áreas do conhecimento humano sofrem influência desta evolução.
Direito, Medicina, Biotecnologia, Nanotecnologia, Relações Pessoais e Comerciais, Economia, Empresas e Governo, enfim, todas as áreas são afetadas. Olhando para o aspecto econômico, a área de Tecnologia da Informação e Comunicação possui um elevado potencial de geração de empregos que exigem grande qualificação técnica e que, por conseguinte, garantem elevadas remunerações. Por outro lado, há sempre a necessidade de pesado investimento em infra-estrutura para atrair grande número de empresas destas áreas e sua força de trabalho extremamente qualificada.
No final do século passado surge um novo modelo de Política Pública, envolvendo de forma ativa três importantes setores, o Governo, as Empresas e a Universidade, naquilo que passou a se chamar Triple Helix (Etzkowitz&Leydesdorff 1998). Um modelo de equilíbrio que foge dos extremos (Intervenção Estatal e Laissez-faire) e que usa a expertise de todos os atores na busca da solução para determinado problema público. Nos mais diversos países podemos observar experiências deste tipo. Citamos apenas algumas para demonstrar a diversidade cultural dos países envolvidos: Dinamarca – Green WaterResearch Project (GWRP) (Brem&Radziwon, 2017), Coréia – Vários projetos a partir de 1993 (Lee& Kim, 2015), China – China InternationalNanotechInnovation Cluster (Cheng, Liu, Fan, Yan&Ye, 2019), e Austrália – GrapeandWineResearchandDevelopment Corporation (GWRDC) (Hira&Aylwaurd, 2013). No Brasil, um exemplo Política Pública de sucesso que utilizou este modelo, é o Porto Digital, em Recife/PE.
Uma possível alternativa econômica para o Amazonas seria usando o modelo Triple Helix, gerar uma sinergia entre estes três setores (Governo, Empresas e Universidade) visando a formulação de uma Política Pública de atração de empresas e capital humano para o desenvolvimento de um cluster na área de Tecnologia da Informação e Comunicação.
O Amazonas possui uma legislação de incentivo ao investimento em Pesquisa e Desenvolvimento. Temos uma Universidade Federal e outra Estadual que formam técnicos de elevada capacidade técnica. Empresas da área de TI já estão implantadas no Polo Industrial de Manaus. Possuímos instituições de apoio à pesquisa e desenvolvimento e de financiamento. Ou seja, as bases já estão lançadas. O que nos falta é transformar isto em uma Política de Estado, no sentido de ser algo perene e que envolva todos os entes. Uma Política que traga para a discussão da solução Governo do Estado e Prefeitura, Iniciativa Privada, Academia e sociedade.
Importante dizer que esta é apenas uma das alternativas ao Polo Industrial de Manaus. Não é o único caminho, mas um dos prováveis. Mudar nosso modelo econômico não é algo que será feito “da noite para o dia”, é um processo longo, que deve envolver toda a sociedade, que deve ser uma Política de Estado e não apenas, mais uma política, de mais um governante.
