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A escola que mata

Por: Ademir Ramos

Professor, antropólogo, coordenador do projeto jaraqui, do NCPAM/UFAM vinculado ao Dpto. de Ciências Sociais.

TURISMO COMO MATRIZ DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO AMAZONAS

Tenho profunda admiração e respeito pelos homens e mulheres que são capazes de compartilhar sonhos e projetos, arrebatando para si a responsabilidades de inovar na consecução de suas propostas na perspectiva da sustentabilidade, contrapondo-se à perversa desigualdade social com marcas de extrema pobreza que faz sangrar o Brasil, em particular o Amazonas, impactado pelas queimadas, grilagem, garimpo ilegal, corrupção, violência institucional afrontando de toda forma os direitos fundamentais da nossa gente.

Na temporada política que se aproxima mais uma vez vamos ouvir choros e lamentos relativos às ameaças que pairam contra o modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) e o pior de tudo com as mesmas catilinárias do passado fazendo crer que um meteoro salvífico cairá dos céus e os entraves serão saneados e seremos felizes para sempre.

Não acredito na mesmice e muito menos no messianismo político de um salvador da pátria. Acredito nos candidat@s formuladores de propostas capazes de pensar, conceber e definir politicamente estratégias de desenvolvimento regional redimensionando o modelo ZFM pautado por uma prática de mais distribuição e menos concentração de riqueza e poder combatendo dessa forma a desigualdade social como barbárie institucionalizada.

Nessa raia política venho monitorando o pré-candidato a deputado federal Orsine jr. que tem levantado bandeira sobre o Turismo como matriz de desenvolvimento regional. Até agora não vi ninguém contrapondo-se às teses que o pré-candidato vem defendendo e muito menos debatendo.

Por enquanto, a indiferença e o desconhecimento tem sido o tom. Entretanto, faço questão de compartilhar com os meus camaradas de sonho e de cruz a densa leitura que fiz da tese de doutorado (2007 -ECA/USP) do Edgar Luis Tomazzoni sobre “Turismo e desenvolvimento regional: modelo APL TUR aplicado à região das Hortênsias (Rio Grande do Sul – Brasil), sob a orientação da professora Mirian Rejowsk.

Do trabalho pude apreender vários ensinamentos quanto à indústria do turismo, não mais enquanto atividade terciária, como alguns empreendedores e políticos de pouca leitura e visão querem tratar o turismo e seus agentes nos seus quadrados.

Na verdade, embora não haja também unanimidade sobre a matéria no meio acadêmico é importante afirmar que se trata de um processo de transformação de matéria-prima convertido em produto comercializado e consumidos de forma tangível e intangível a gerar trabalho, emprego, tributo e renda. Por mais que alguns não queiram reconhecer como Indústria no sentido clássico todos são unanimes em aprovar seu valor capital nos segmentos econômicos, social, cultural e ambiental enquanto gerador de riqueza, tendo por referência a política de turismo na Espanha.

A proposta do Orsine Jr. mereceria um GT interdisciplinar para se analisar, avaliar e definir os meios mais eficazes para dinamizar e redimensionar o modelo ZFM porque, conceitualmente, embora não se tenha ainda uma teoria econômica específica, sabe-se que o turismo é a soma das operações, principalmente de natureza econômica que está diretamente relacionadas com a entrada, permanência e deslocamento do estrangeiro dentro e fora de um país, cidade e região.

É nesse horizonte que também tenho compreendido a necessidade de se inovar quanto aos processos produtivos desenvolvidos na ZFM muito além dos aglomerados do polo industrial focados, sobremaneira, na qualidade de vida da nossa gente centrada no turismo como matriz de desenvolvimento regional endógeno e integral orientado por uma política de justiça distributiva e ambientalmente sustentável.

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