Prefeito de Benjamin Constant dá entrevista ao ÚNICO
Ele descreve o impacto da seca no noroeste do Estado
Juscelino Taketomi
Para o ÚNICO
“A seca deste ano foi devastadora para nós aqui do Alto Solimões e estamos preocupados sobre o que poderá acontecer no próximo ano por causa do fenômeno El Niño. Poderemos ter uma estiagem pior”. O desabafo do prefeito de Benjamin Constant David Bemerguy ao portal ÚNICO mostra a preocupação não só de gestores públicos, mas de empresários e comerciantes com os estragos, em dose dupla, que a crise climática poderá provocar em 2024 no Alto Solimões e em todo o Amazonas.
Plano de contingência
Segundo David, um Plano de Contingência, envolvendo Governo Federal e Governo do Estado, seria a medida correta para o enfrentamento das consequências do El Niño no próximo ano, quando o fenômeno ficará mais furioso, de acordo com a NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos).

Recursos
Sobre o Plano sugerido por David há a expectativa de o Ministério do Meio Ambiente elevar de R$ 634 milhões para R$ 10,4 bilhões o volume de recursos reembolsáveis do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima. Pelo menos foi o que enfatizou a secretária nacional de Mudança do Clima, Ana Toni, em recente seminário ocorrido na Câmara dos Deputados. Os recursos do FNMC, gerenciados pelo BNDES, serão aplicados em projetos de desenvolvimento urbano sustentável, indústria verde, transição energética e proteção a florestas e recursos hídricos.
Com os pés fincados na dura realidade da violenta estiagem de 2023, o prefeito David Bemerguy se diz “mais que preocupado” com o desfecho dos acontecimentos, tendo em vista o quadro que foi obrigado a enfrentar a partir de agosto passado, quando as águas do Solimões começaram a baixar atipicamente, dificultando a navegação e gerando imediatamente uma indigesta crise energética.

Caos e desabastecimento
O caos energético foi completado com o desabastecimento por causa do rio seco e com a impossibilidade das embarcações fazerem chegar alimentos e combustíveis ao município. “Foi o caos! Ficamos ilhados, tendo que apelar para as autoridades federais e estaduais, para a nossa bancada no Congresso, numa tentativa de obter socorro urgente”, disse David ao ÚNICO. A exemplo de seus colegas prefeitos, Bemerguy espera que as providências governamentais sejam céleres “porque o tempo urge, não se pode brincar com prazo nenhum para resolver as coisas”. Para ele, neste momento o Palácio do Planalto precisa tratar a crise da estiagem amazônica como “prioridade máxima”, cumprindo à risca o que prometeu o vice-presidente Geraldo Alckmin há dias atrás, em Manaus, abrangendo medidas destinadas a aplacar o gargalo energético e a dragar os rios Solimões e Madeira com o objetivo de destravar a navegação. “No Solimões, felizmente a dragagem começou apesar de alguns problemas criados pelo Peru”, informa o gestor benjaminense.

“O drama é forte e é de todos”
De acordo com a manifestação de David Bemerguy ao ÚNICO, o drama que assola Benjamin Constant é de todos os 62 municípios do Amazonas, incluindo a capital, Manaus. Por isso, as ações de socorro e de prevenção, como alerta Bemerguy, não podem demorar.
Ao redor de Manaus, milhares de comunitários estão totalmente dependentes do Poder Público Municipal. O prefeito David Almeida, a trancos e barrancos, leva auxílio aos ribeirinhos e aguarda que a burocracia não atrapalhe a ação da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que anunciou a liberação de R$ 220 milhões para os municípios amazonenses envolvendo ações de média e alta complexidades em saúde. A capital terá R$ 102,3 milhões, liberados de uma vez, e R$ 122 milhões em parcelas.