Serafim explica quem ganha com a alta dos combustíveis

Petrobras beneficia acionistas e prejudica consumidor, diz deputado

Guerra na Ucrânia, dolarização e venda de refinarias aumentam cada vez mais o problema

Solange Elias
Para o Portal ÚNICO
Com assessoria de imprensa

O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) atribuiu o reajuste da gasolina (18,8%), diesel (24,9%) e gás de cozinha (16,1%),que entrou em vigor nesta sexta-feira (11), a uma “política equivocada” de preços da Petrobras que, em vez de beneficiar os consumidores favorece somente os acionistas da empresa estatal.
“A Petrobras continua fazendo a política de Chicago, que é a linha dos economistas que seguem a linha do ministro da Economia Paulo Guedes. O que interessa é que os acionistas ganhem dinheiro”, sintetizou o parlamentar.

R$ 63 bilhões em lucros

O deputado se refere ao fato de que, apesar de ser uma estatal brasileira, o Governo Federal é dono de “apenas” 50,26% das ações, por meio do BNDES, Caixa Econômica Federal, BNDESPar etc. Outros 10,52% das ações pertencem a investidores brasileiros e 38,98% a investidores estrangeiros (como grandes bancos, corporações e indústrias multinacionais cujos nomes são mantidos sob sigilo). Esses percentuais são os da composição acionária em agosto do ano passado, segundo o dado mais recente informado no site da empresa, mas estão sempre variando.
Para se ter uma ideia do tamanho do lucro dos acionistas, em 2021, a companhia distribuiu R$ 63,4 bilhões entre eles, o maior valor da história da estatal. Desse total, R$ 12,8 bilhões ficaram na mão de investidores estrangeiros. O recorde anterior havia sido de R$ 30 bilhões, no ano de 2019, portanto mais que dobrou em apenas dois anos. “O povo está trabalhando para os acionistas da Petrobras. Isso está completamente contrário à lógica de uma empresa estatal”, lamentou o deputado.

Combustível dolarizado

Serafim diz que a estatal atrelou o preço dos combustíveis no país, ao preço do barril de petróleo vendido no mercado internacional e em dólares, para atender interesses desses acionistas. “A Petrobras vinculou o preço dos combustíveis no Brasil à variação do dólar, quando temos Petróleo aqui”, argumentou.
O parlamentar reconhece que parte do reajuste é resultado da guerra na Ucrânia. Isso porque, a Rússia, o país invasor, é o segundo maior produtor de petróleo do mundo – atrás apenas da Arábia Saudita. Quando a guerra começou, os países que compram petróleo da Rússia cortaram as compras e o governo de Vladimir Putin aumentou o valor do barril para compensar a perda de clientes. E quanto mais houver sanções dos países ocidentais, mais a Rússia vai elevar o valor do barril de petróleo e mais o brasileiro vai pagar reajustes nas bombas de gasolina.

Desinvestimento em refinarias

Paralelamente ao PPI, a Petrobras também tem praticado o “desinvestimento” no parque de refino do país, conforme denunciou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), no ano passado e foi destacado pelo deputado Serafim Corrêa. No ano passado, a estatal vendeu, por exemplo a refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus, por 70% do seu valor real e ainda a Refinaria Landulfo Alves (Rlam), na Bahia, vendida a um grupo árabe por menos de 50% do seu valor. “Temos capacidade de refino. É um equívoco da Petrobras ter desativado e vendido refinarias”, disse Serafim.

Governo Temer

A dolarização dos combustíveis no Brasil começou em 2016, durante o Governo de Michel Temer (MDB), logo após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). A Petrobras adotou – não se sabe porque – chamada Política de Preços de Paridade de Importação (PPI), que vincula o preço do petróleo ao mercado internacional tendo como referência o preço do barril tipo “brent”, que é calculado em dólar. Portanto, o valor internacional do petróleo e a cotação do dólar influenciam diretamente na composição dos preços da companhia.


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