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Medicina na belle époque

Por: Robério Braga

O autor é membro da Academia Amazonense de Letras (AAL), advogado e ex-secretário de Cultura do Amazonas

Sempre presentes

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Chegou-me às mãos, sem surpresa posto que avisado adredemente de que viria pelos Correios, o mais recente livro de autoria do notável – sobre todos os títulos – Newton Sabbá Guimarães, amazonense de boa cepa, professor universitário, magistrado aposentado, crítico literário e, sobretudo, homem de formação espartana, acostumado desde cedo a boas e muitas leituras, versado em vários idiomas com maestria, livro no qual traça o perfil de dez de seus amigos assim irmanados com sinceridade ao longo da vida.
Em razão de haver travado conhecimento próximo com alguns deles, e de oitiva com outros, não me demorei em tomar a edição e dar-me ao deleite, sem pressa mas com propósito de apreciar as opiniões de Newton sobre nosso poeta Almir Diniz, admirável no conto, fraterno pela lhaneza e sorriso largo; o ufologista e promotor de justiça Danilo Du Silvan, de quem reuni inúmeros artigos de jornal e em relação ao qual acompanhei polêmicas hercúleas em razão das quais cresceu ainda mais no meu conceito; o escritor de textos bem cuidados que foi Guimarães de Paula que mesmo distanciado da gleba não perdeu a coboclitude; Wladimir Cruz, jornalista e homem do fazer, intensamente ativo e que com Paula e Souza carregou-me para a União Brasileira de Escritores quando exibia cabelos negros e aos ombros, como era moda da juventude de então.

 O que li sobre estes amigos comuns foi enriquecedor. Linguagem elegante como a sua postura e conduta pessoal, Newton não se excedeu em elogios vazios e adjetivos fáceis (o que nunca o fez), foi apreciando o que por cada um foi possível construir na passagem terrena, e, sem permitir claros ou escuros, falou antes de tudo a seu próprio coração acomodando as saudades, naturalmente. Assim o fez, também, em relação a Attilio Santoro, Domingo Corzo, Guedes de Oliveira, João Feitosa, Milton Ribeiro que lhe foram caros amigos compartilhando ricas experiências.

 Embora em todos os perfis que compõem a edição da Livraria Scortecci, de fins de 2022, o autor tenha cuidado de expandir conceitos e fundamentos utilizados pelos biógrafos mais tradicionais e eruditos os quais conhece amiúde e como poucos, foi em João Rebello Corrêa que pude rever mais de mim do que poderia pensar quando iniciei a leitura. Neste perfil, como nos demais e sempre que escreve, afastado por séculos de distância dos textos pesados e cansativos, Newton deu aulas sábias, seja quando assinalou a dificuldade de falarmos sobre os que nos deixam, seja ao apreciar a trajetória do homenageado.

Foi preciso ao tratar do menino ilhéu que rompeu águas muitas e venceu na capital, projetando-se na magistratura, na maçonaria, no movimento espírita, na administração operosa e renovadora do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas no qual nos encontramos e com quem muito aprendi. Foi ele que, generosamente, deixou-me uma preciosidade que guardo com carinho particular: um relógio de algibeira, em prata, comemorativo do centenário da Independência do Brasil: talvez a sua única joia. Além do novo texto sobre o velho Mestre, Newton nos reconduziu aos anos 1970 ao reapresentar o discurso com o qual prestou justa homenagem na sessão de pompas fúnebres de João Corrêa. Pude ouvi-lo na ocasião. Tinha-o no coração e agora está retumbante na memória depois de lê-lo, passados tantos anos.

 O título do livro diz muito bem do sentimento do autor pelos biografados: “Os sempre presentes – dez perfis de amigos”, raridade que se amplia muito mais nos tempos presentes nos quais tudo parece ser muito mais efêmero do que realmente o é. Recuperando passagem de outra obra de sua lavra, Newton realça que escreve para dizer que está vivo, ou, a seu modo erudito, “revivo-me na escrita”. Ainda bem que o temos em meio de nós produzindo com elegância, elevada qualidade e pura erudição fundada em clássicos irretocáveis. Nada fica a dever aos festejados autores brasileiros e estrangeiros aos quais se referiu por toda a obra. Inscreve-se, de há muito, dentre os clássicos.

É livro para o prazer da boa leitura requintado de sabedoria. 

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