Navios cancelaram viagens de abastecimento ao Polo Industrial
Problema ameaça também a black friday e até o Natal
Alessandra Luppo
Da redação do ÚNICO
Aos vários efeitos prejudiciais da seca histórica pela qual passa o Amazonas, acrescenta-se agora a ameaça à Zona Franca de Manaus, por falta de condições de navegação de navios nos rios Amazônicos, por dois motivos: as peças e componentes que vêm de fora não podem chegar às fábricas e os produtos acabados “made in ZFM”, não podem sair para abastecer as lojas do restante do país.
Com isso, a famosa liquidação black friday de novembro pode não contar com os produtos da Zona Franca (celulares, ar condicionado, eletroeletrônicos, etc) e, previsões mais pessimistas preveem impacto até o Natal, em dezembro.
Dragagem não começou
O alerta é da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac) que disse ao “Estadão” que, “apesar da emergência, as ações ainda não saíram do papel”. As obras, no caso, são a dragagem do rio Solimões no trecho Benjamin Constant e Tabatinga, na região do Tabocal, no Rio Madeira, afluente do rio Amazonas. Segundo a Abac, os ministérios dos Transportes e de Portos e Aeroportos afirmam que as intervenções dependem do cumprimento de etapas prévias que estão em curso, mas não estimam data para o início das dragagens.
Cancelamentos
Segundo a Abac, desde setembro as empresas de navegação fecharam o booking (reservas de contêineres nos navios) e não há previsão de novos transportes de carga para a região. Nos últimos dias, dois navios cancelaram a ida a Manaus. “Provavelmente, nesta semana e na próxima, outros três navios serão obrigados a cancelar o transporte de carga já acordado. O motivo é a impossibilidade de avançar pelos rios, por causa do assoreamento”, afirma a Abac.
Ministérios afirmam início das obras
Em nota conjunta, os ministérios dos Transportes e de Portos e Aeroportos disseram ao Estadão que “há etapas para a execução das obras”. Para o Rio Solimões, afirmam que já foi obtida licença ambiental do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e a autorização de pré-dragagem da Marinha. Agora, porém, depende de batimetria, quando é medida a profundidade do rio, o que já está em curso. “Somente após essa fase será possível iniciar a dragagem”, diz a nota.
No Madeira é mais demorado
Para o rio Madeira, os ministérios informam que técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estão trabalhando no projeto para, em seguida, contratarem a empresa que vai realizar a dragagem. Ou seja, vai demorar mais ainda.