Polícia Federal na porta do Novo Era e Big Amigão

Em Manaus, supermercado e empresa do Distrito Industrial são “visitados”

Milionário polêmico seria responsável por “esquentar” o ouro em um país que não existe

Alessandra Lippo
Da redação do ÚNICO
Com assessorias, Senado Federal, STF, MediaNews

A Polícia Federal amanheceu na porta de duas empresas de Manaus, nesta quarta-feira (20): a unidade do Supermercado Nova Era na Avenida Torquato Tapajós e do supermercado Big Amigão. De acordo com informações divulgadas pela própria PF, foram feitas buscas e apreensões nessas unidades, assim como em outras 11 cidades de sete estados brasileiros, na trilha do contrabando ilegal de ouro retirado de terras indígenas. Os delegados da operação vão conceder entrevista coletiva nesta sexta, para maiores detalhes.

Mandados

Segundo a PF, a “Operação Emboabas” deflagrada nesta quarta, cumpriu 4 mandados de prisão preventiva – mas não foram divulgados nomes nem locais das prisões. E ainda 48 mandados de busca e apreensão nas cidades de Boa Vista, Pacaraima e Normandia, em Roraima; Manaus, no Amazonas; Anápolis e Campo Lindo, em Goiás; Tucumã, Santa Maria das Barreiras e Ourilândia do Norte, no Pará; Ilha Solteira, em São Paulo; Uberlândia, em Minas Gerais e Areia Branca, no Rio Grande do Norte. A Justiça autorizou sequestro de bens em valor superior a R$ 1 bilhão.

Prisão em flagrante

A Operação Emboabas começou com a prisão em flagrante de um homem (não identificado) que estaria levando 35 kg de ouro para entregar a dois norte-americanos, sócios de uma empresa em Nova Iorque.
A investigação revelou que a organização criminosa adquire ouro de terras indígenas e leitos de rios com uso de dragas e, por meio de fraude, declara que o ouro foi extraído em permissões de lavra garimpeira (PLG) regularmente constituídas.

”Esquentamento” do ouro

A Polícia Federal também identificou que o “alvo principal” da operação (sem revelar o nome) promovia o “esquentamento” do ouro por meio de um austríaco naturalizado brasileiro que afirma ter mais de R$ 20 bilhões em barras de ouro em um suposto país independente criado pelo próprio investigado.

Quem é o bilionário austríaco?

Embora a PF não tenha revelado, o nome do austríaco naturalizado brasileiro é Werner Rydl, que há mais de 30 anos mora no Brasil, enfrenta processos judiciais em seu país de origem, já foi julgado pelo STF, passou 4 anos preso na Papuda (em Brasília) e diz ter criado seu próprio país – Seagarland (algo como Terra das Algas Marinhas), onde a moeda corrente é o ouro.
Rydl é acusado de sonegação, na Áustria, desde o final dos anos 80, e o governo pedia extradição. Mas até este março deste ano (2023) não havia acordo de extradição com o Brasil. Os julgamentos se arrastaram por décadas e, enquanto isso, o bilionário criou seu próprio país, onde supostamente armazena mais de 120 toneladas de ouro.
Também dá entrevistas contando como o ouro é a moeda de seu país – que não existe – e ainda se declara vítima do fisco da Áustria porque não pagou os impostos (algo em torno de mais de 100 milhões de euros), porque não compactuava com o “sistema corrupto” do país.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *