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Lourenço Braga

Coluna:

Por: Lourenço Braga

Advogado, professor, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), ex-secretário de educação e ex-reitor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Os pais

Jesus

Neste tempo, os cristãos preparam-se para festejar, na Páscoa, o retorno
à vida do grande Mestre Jesus, que aqui veio para semear e ensinar o
Amor. Assim mesmo, com letra inicial maiúscula, fundado na
compreensão e no perdão, proclamando-o como mandamento maior de
entre os 10 entregues a Moisés. E o Cristo não apenas falou do
sentimento e da necessidade de incorporá-lo à crença, senão que o
praticou em exemplos diários, até o final quando pediu a Deus que
perdoasse seus algozes, por não saberem o que faziam, apesar de toda a
crueldade e a barbárie a que foi submetido pela maldade e a ignorância
humana, enfrentando e suportando dores físicas inimagináveis
provocadas por açoites, pregos e espinhos que o fizeram sangrar até à
morte. E enquanto aqui esteve, ensinando os caminhos da fé, sempre
falou em nome do Pai.


Foi assim em todos os milagres que realizou, desde quando transformou
em vinho de boa qualidade a água que seria servida a convivas em festa
de casamento, quando ordenou ao paralítico que tomasse sua maca e
caminhasse, quando curou a hemorragia que atormentava uma mulher
por anos seguidos, no instante em que devolveu a visão ao cego e até
quando ordenou a Lázaro, morto e enterrado havia 4 dias, que saísse do
túmulo de volta à vida. Em tudo falava de fé e ao dizê-la proclamava o
amor ao Pai.


E é porque estamos vivendo o tempo reservado oficialmente à lembrança
do quanto se deu com esse operário do Amor que resolvi escrever linhas
que objetivam destacar a importância dos pais, aqueles que neste plano
terrestre recebem como missão a árdua tarefa de moldar e encaminhar
filhos que lhes chegam às mãos plenos de inocência e indefesos,
incapazes mesmo de qualquer ato que lhes sirva de autoproteção. O colo
materno, com o calor conhecido durante a gestação, o alimento vindo do
seio abençoado, o abraço, o acalanto, o beijo na fronte, tudo isso é ritual
de amor para receber o novel vivente. Há exceções? Sim, mas delas não
cuidarei justo por desejar destacar o afeto maior de que falou o Mestre.
Começa ali, no instante do primeiro afago, um despertar para o
desconhecido que aos pais vai caber apresentar, explicar, exemplificar a
cada dia que se seguir, ajudando a construir, fazendo a luz. Talvez haja
noites não ou mal dormidas, correria para hospitais ou para pajés, se
indígenas os pequenos, com aflição de susto, por choros inesperados que
denunciem irregularidade física qualquer. Talvez haja dores por
constatação de males que exijam atenção maior, e tudo é de ser
enfrentado com apoio no sentimento que nasceu, ou se fortaleceu, com o
dar à luz. Esses sofrimentos, entretanto, jamais são mostrados,
guardando-se sua demonstração para os instantes de solidão, nas
conversas consigo mesmo, em lágrimas de silêncio, porque ao filho é
preciso transmitir a esperança e a confiança de que tudo será vencido,
em nome de Deus. Na meiguice de cada instante, haverá sorrisos de
coração em lágrimas.


Os pais que enfrentam desde cedo fortes desafios para vencer
dificuldades de saúde de filhos de tenra idade aprendem antes de outros
a conhecer, no mais íntimo de si, o poder da crença no Ser Supremo que
jamais abandona e, por isso, a cada dia se fortalecem na fé. E é tão
grande o amor com que se dedicam, em forma de entrega e de renúncia,
que seriam capazes de dar a própria vida para que no filho saudável ela
pudesse continuar.


Os que receberam a missão dedicam-se a aprender no dia-a-dia de
ensinar, porque não há manual que prepare a mulher e o homem para
esse mister. É um processo de descoberta e erro, mas é, com certeza, um
tempo de encontro interior, de superação de medos e de transmissão
permanente de sentimentos que ajudam a construir e a amparar. E que
será progressivamente mais rico se vivido e dividido em conjunto, com as
dúvidas e as dívidas, pelos que de tanto foram incumbidos no âmbito
interno da família. E se há amor, ali se multiplica a coragem e a dedicação
mostra-se capaz de criar no outro confiança na superação.


E nada disso se resume ao tempo inicial da infância. Não! A missão dos
pais apenas começa ali, mas se mantém e se torna progressivamente
difícil na medida em que a vida se prolonga. Chega o tempo da escola,
das dificuldades com as primeiras letras e os primeiros números, dos
conflitos da convivência nova, das inquietações crescentes, de caminhos
que sugerem descaminhos e que por isso precisam ser evitados, das
tentações, dos tropeços, de reconstrução, e tudo isso, ainda que nem
sempre se diga claramente, é dividido, porque vivido com alegria ou dor,
com prazer ou preocupação, pelos que continuam a sentir-se
responsáveis pelos sucessos que almejam ver, como se a compensar os
esforços de todos os instantes que vão ficando pra trás.


É nos pais que os filhos costumam espelhar-se para construir seus
cadernos de crença. E mesmo que nem sempre se deem conta, são
também espelhos nos ensinamentos novos que atualizam os que lhes
tomaram as mãos frágeis e inseguras nos passos iniciais. E tudo se faz
mais fácil e forte se fundado em troca de sentimentos verdadeiros, sem
joio qualquer para comprometer o trigo plantado em terra fértil para o
alimento diário.


Tive o privilégio de vir ao mundo por Sebastiana e Lourenço e, bem mais,
de tê-los ao lado e à frente, assim como em retaguarda permanente de
cuidado e de amor, até próximo de completarem um século de vida física
entre nós, mas afirmo sem medo de errar que tudo que plantaram em
exemplo, confiança e segurança nos ensinamentos de cada dia faz que a
vida deles se prolongue, em minha consciência, por todo o sempre.
Bem por isso que no 18 de março deste ano beijo teu espirito, Sebastiana,
respeitoso e contrito, para festejar no íntimo de mim 115 anos de tua
vinda a este mundo.
Os pais, ouso dizer em síntese, são símbolos do Amor que o Cristo
ensinou.

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