Conheça os bastidores do crime ambiental e suas ramificações na política, na polícia, no governo e judiciário.
Em “Selva: Madeireiros, garimpeiros e corruptos na Amazônia sem lei”, Alexandre Saraiva com Manoela Sawitzki relatam os bastidores do crime ambiental na Amazônia com suas ramificações na política, na polícia, no governo e no judiciário.
Doutor em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o delegado da Polícia Federal (PF), Alexandre Saraiva, por mais de dez anos esteve à frente das superintendências regionais da PF de Roraima, Maranhão e Amazonas e, portanto, é um exímio conhecedor das organizações criminosas envolvidas no tráfico de madeira, no garimpo ilegal, na grilagem, na invasão de terras indígenas e no desmatamento da floresta.
O então delegado da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, em 2021, no governo Jair Bolsonaro, fez a maior apreensão de madeira ilegal da história da PF: 226.760 metros cúbicos. Era o suficiente para encher pelo menos 7,5 mil caminhões com toras – uma fortuna, avaliada em R$ 130 milhões.
A ação o levou a enfrentar o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que o transformou em “persona non grata” no governo Bolsonaro, ordenando sua transferência como punição para Volta Redonda, no Rio de Janeiro.
O delegado, não se deixou intimidar e protocolou uma notícia-crime contra o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, suspeito de atrapalhar a fiscalização ambiental e de patrocinar interesses privados na administração pública. A representação foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) resultando na exoneração do ministro bolsonarista.
O desmatamento da Amazônia, segundo o delegado Saraiva, pode ser praticamente zerado em apenas seis meses com o uso de tecnologia de ponta para gerar imagens de satélite e rastreamento de madeira. Tudo depende disse e, principalmente, da vontade política.
“Em 2011, acabamos totalmente com o garimpo ilegal em um ano (em Roraima). Resolvemos atacar a logística. Apreendemos 14 aviões, suspendemos os brevês dos pilotos, explodimos as balsas e criamos uma base da PF na área. Três meses depois de ter saído da área, fecharam a base. O problema voltou sistematicamente no governo Bolsonaro”.
A entrevista do Delegado Alexandre Saraiva pode ser lida no Estadão de domingo (30/4) quanto ao livro com selo da Editora Intrínseca pode ser adquirida pelas redes sociais ou diretamente nas livrarias.