Deputado aponta “fenda” no Sistema de Segurança Pública
Polícia Federal e Ministério Público investigam quadrilha na alta cúpula da Segurança
Fábio Rodrigues
Da redação do ÚNICO
As investigações da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amazonas sobre a existência de uma quadrilha na alta cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas – revelada na manhã desta terça-feira (29) – tiveram repercussão na Assembleia Legislativa do Amazonas, onde o deputado e oficial da Polícia Militar, Dan Câmara, apontou uma “fenda” no sistema de segurança pública.
O deputado, que foi o primeiro a repercutir o assunto no Poder Legislativo, apontou que esta é a segunda segunda operação que alcança a SSP. Em 2021, membros da Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai) foram indiciados por desvio de cargas de ouro, lembrou ele.
Personagens
O parlamentar destacou que um dos alvos da “Comboio” ocupou uma posição de destaque no Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AM) e que a Assembleia Legislativa votou uma lei que retirou aquele Departamento da subordinação ao sistema de segurança pública.
“Há uma fenda no sistema de segurança, que impede o seu funcionamento de forma eficiente, eficaz e efetiva em favor da segurança patrimonial e da integridade física dos cidadãos amazonenses” declarou.

Operação Comboio
Segundo foi revelado pela PF e MPAM, em entrevista coletiva na manhã desta terça, a Operação Comboio investiga os crimes de corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro cometidos por integrantes da Secretaria de Segurança, sendo policiais civis e militares (oficiais e delegados). Os nomes não foram revelados em função do sigilo do inquérito.
O procurador-geral de Justiça, Alberto Nascimento Jr, o promotor Igor Starling, e o delegado da PF, Umberto Ramos, explicaram que o grupo de agentes da segurança se utilizava de informações privilegiadas da SSP para extorquir pessoas (empresários) que eles sabiam estar cometendo irregularidades e para isso usavam veículos da própria SSP; além disso, havia um esquema de desvio de recursos públicos utilizando postos de gasolina que recebiam pagamento mas não entregavam combustíveis e, também, porte de armas clandestinas (sem registros).
A Operação teve desdobramentos em São Paulo (SP) e em Apuí (Amazonas) onde foram apreendidos documentos e máquinas que ainda serão avaliados pela perícia do Gaeco para produção de mais provas contra o grupo.
Uma pessoa foi presa em flagrante, por porte de arma irregular e cinco compareceram à Polícia Federal para prestar depoimentos.
Secretário investigado
O procurador de Justiça, Alberto Rodrigues, confirmou durante a coletiva de imprensa, que o secretário estadual de Segurança, coronel do Exército Carlos Alberto Mansur é um dos investigados na Operação Comboio.
Nota do governo
O governo do Amazonas emitiu nota oficial sobre a Operação.
Veja a íntegra:
“O Governo do Amazonas informa que está acompanhando os trabalhos do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Estado e Polícia Federal e está colaborando com as investigações. O Governo do Estado reforça que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta dos seus servidores e que todas as providências necessárias serão tomadas”.