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Coluna:

Por: Robério Braga

O autor é membro da Academia Amazonense de Letras (AAL), advogado e ex-secretário de Cultura do Amazonas

O que se lia em 1923

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Resolvemos revirar o noticiário da cidade de Manaus de há cem anos passados com o intuito de recuperar os hábitos de leitura de parte de nossa população, tal como fez com maestria, em várias ocasiões, o nosso sempre lembrado e estimado mestre Genesino Braga em notáveis crônicas domingueiras.

Não tive grandes surpresas, é verdade, mas não posso assegurar que os leitores que me dão a honra de acompanhar-me neste canto altaneiro de página de jornal, também não serão surpreendidos. Coisas simples e curiosas, nada sofisticadas ao que parece, o que circulava em janeiro de 1923 para um público que me pareceu ávido por jornais, revistas e futilidades, ou tinha maior interesse em noticiário político publicado por órgãos nitidamente partidários.

Do Rio de Janeiro chegavam com regularidade e conseguiam boa circulação as revistas “Selecta”, “O Malho”, “Tico-Tico”, “Fon-Fon”, “Jornal das Moças”, “João Pestana”, “Para Todos” e “Revista da Semana”sempre muito bem ilustradas, apresentando crônicas, charges, artigos. Algumas edições traziam pequenas notícias sobre assunto manauenses e fotos de personalidades amazonenses. Do vizinho Estado do Pará chegava a revista “A Semana” com noticiário de Belém e temas variados.

Destinada a um outro público, mais interessado em atividades comerciais e negócios em geral, a “Revista Exportador Brasileiro”, também editada na capital da República, se destinava a informar sobre o incremento da exportação nacional, finanças, economia, comércio e lavoura.

Para atender a um grupo ainda mais restrito, porém avido por informações atualizadas, editado em oficinas cariocas, circulava o jornal “Aurora”, reconhecido “órgão de propaganda espírita” e que mantinha assinantes e venda em avulso na cidade. Ouros jornais e revistas lidos naquele janeiro foram “A Tarde”, de Belém do Pará, e o “Boletim Maçônico” de responsabilidade do Grande Oriente do Estado do Amazonas. Desafiando os leitores, foi lançado o livro “Através do Amazonas”,de autoria de Joaquim Gondim, com 26 fotografias e descrições da vida dos habitantes e situação industrial comercial e agrícola do interior amazonense, em apreciada publicação das oficinas gráficas da “Revista Cá e Lá”.

Ao mesmo tempofoi exposta a venda a partitura de “um saltitante tanguinho para piano” a ser adquirida na Casa de Música Donizetti. Chamava-se “Agave”, de autoria de Casemiro Granjeiro, dedicado ao poeta e jornalista Heitor Veridiano, muito bem apropriado para ser usado nas festas dançantes da época. Mantendo costume antigo de leitura de livros de contos, eis que surgiu à disposição dos interessados a venda por preço justo, como dizia o anúncio, “A ronda do deslumbramento”, de autoria de José Geraldo Vieira, dado a público por gráfica no Rio.

Curioso destacar que a distribuição e venda dessas revistas, livros, jornais e partituras quase sempre ficava por conta da Livraria Acadêmica de J. F. Concello, fundada em 1912, instalada na Rua de Henrique Martins e na qual, muitos anos mais tarde, meus pais me levavam para escolher e comprar o material com o qual haveria de comparecer às aulas no Grupo Escolar “Antônio Bittencourt” ou mais tarde ao Grupo Escolar “Marechal Hermes”, preparando-me para enfrentar o exame de admissão ao Instituto de Educação do Amazonas.

Muito tempo depois, quando implantei o Centro Cultural Palacio Rio Branco no antigo prédio da Assembleia Legislativa na Praça Dom Pedro II deixei organizada uma Biblioteca “Thália Phedra Borges dos Santos” – querida amiga e importanteprofissional de biblioteconomia do Amazonas –montada com acervo especializado em política, recuperando móveis, gradis, peças e decoração da velha e querida Livraria Acadêmica.

O conteúdo deste artigo é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do ÚNICO

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