Nove cidades do Amazonas onde os homens matam mais mulheres

A doutora e mestre em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Flávia Melo, identificou em um estudo do Atlas de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (Atlas ODS Amazonas), analisando números dos anos de 2000 a 2019, que nove das 62 cidades do Amazonas apresentaram tendência na elevação dos casos de feminicídios nos 19 anos pesquisados.

Pesquisadora fez levantamento identificando onde há mais feminicídios

Atlas ODS Amazonas concluiu que os resultados são “alarmantes”

Carolina Givone
Especial para o Portal ÚNICO

A doutora e mestre em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Flávia Melo, identificou em um estudo do Atlas de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (Atlas ODS Amazonas), analisando números dos anos de 2000 a 2019, que nove das 62 cidades do Amazonas apresentaram tendência na elevação dos casos de feminicídios nos 19 anos pesquisados.


Manaus, Coari, Eirunepé, Boca do Acre, Iranduba, Borba, Fonte Boa, Novo Aripuanã e Tapauá são os municípios em que a média de assassinato de mulheres, em cada grupo de 100 mil pessoas, vem crescendo desde os anos 2000. O Atlas ODS Amazonas concluiu que os dados “são alarmantes”. O estudo, apresentado no início deste ano, não analisou as outras formas de violência contra a mulher no Estado.

Média acima da brasileira

O levantamento identificou também que no Amazonas foram mortas mais mulheres que no restante do Brasil. Isso porque a média de mortes – no período pesquisado – foi de 5,7 mulheres assassinadas a cada 100 mil habitantes, enquanto que no país a média é de 3,5.


Nesse quesito, outras cidades se destacaram, embora não tenham registrado “tendência de elevação” como as nove primeiras: Barcelos tem a média mais alta de 24,2 mulheres a cada 100 mil, seguida de Beruri (21,4), Canutama (14,3) e Lábrea (13,6).

No último ano da pesquisa, o Amazonas registrou a 3ª posição no ranking nacional e apresentou taxas de homicídios de mulheres acima da média brasileira.

Falta de dados

“Os dados analisados pelo Atlas são indicadores importantíssimos. Não apenas por suprir – apenas em parte – a enorme lacuna de informações qualificadas sobre a letalidade da violência de gênero. Mas, por oferecer um quadro desse problema na capital e, principalmente, no interior, cujos dados ainda são, infelizmente, insuficientes e precários”, informou a pesquisadora em seu trabalho. “Isso ocorre tanto pela ausência de perícia especializada e núcleos de medicina legal – o que permitiria investigação mais precisa das circunstâncias das mortes de mulheres; como pela precária sistematização e transmissão de dados das unidades do interior para a capital e para a gestão estadual”, completou.

Dados da SSP

A falta de dados realmente é uma situação dificultadora das pesquisas recentes, uma vez que os dados do ano de 2022, no site da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), só alcançam até fevereiro deste ano.


De acordo com a SSP, de janeiro a abril de 2021 ocorreram cinco feminicídios e, em 2022, quatro.

Quanto a outras formas de agressão à mulher, como agressões físicas, psicológicas e financeiras, os números de 2021 indicam que, só na capital foram registradas 6.313 violações, enquanto no interior o número chegou a 470, totalizando 6.783 delitos. Em 2022, até fevereiro foram 455 ocorrências totais, sendo 362 na capital e 93 no interior.


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