Famosa por seus artigos no jornal “O Globo”, rigorosamente focando economia, e por seus comentários na Rádio CBN e na GloboNews, a jornalista Miriam Leitão lança, às 19h desta quinta-feira (31), na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, Rio de Janeiro, o livro “Amazônia na encruzilhada – O poder da destruição e o tempo das possibilidades” (Editora Intrínseca). O livro é fruto de pesquisas e entrevistas realizadas por Miriam envolvendo, principalmente, os estados do Amazonas e Pará.
A obra da conceituada jornalista chega às livrarias num momento em que o sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, divulga números importantes sobre a diminuição do desmatamento. Os alertas de perigo caíram 42,5% de janeiro a julho de 2023, com o registro da redução em 66% na comparação com julho de 2022. Em julho, a Amazônia perdeu 500 quilômetros quadrados (km2) de floresta, contra 1.487 km2 em julho de 2022, diz o Deter.
O livro “Amazônia na encruzilhada” foca justamente a questão do desmatamento, uma desesperada preocupação de Miriam, segundo manifestações dela aos jornais O Globo e Valor Econômico, chamando a atenção para as graves consequências do problema caso não se consiga aplacar a destruição do maior bioma tropical do planeta. Para Miriam, o desmatamento deve ser prioridade na pauta de todos os brasileiros, tendo em vista o risco de a região atingir tristemente o ponto de não retorno, previsto por vários especialistas. O não retorno será o pior cenário, ou seja, será a transformação da Amazônia em uma região de cerrado, com reflexos altamente nocivos ao clima e à economia do país, determinando o caos na produção agrícola, o caos no agronegócio.
O livro de Miriam também é oportuno para que o presidente Lula e seus ministros, bem como governadores, deputados, senadores, prefeitos e ambientalistas, dentre outros segmentos da sociedade, encarem com a máxima seriedade a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a chamada COP30, que deverá acontecer em 2025 na cidade de Belém do Pará. Não por acaso, o evento marcará a celebração dos dez anos do Acordo de Paris, datado de 2015, assinado por quase 200 países que se comprometeram em acelerar esforços a fim de que a temperatura do planeta Terra não ultrapasse 1,5 grau Celsius até o fim deste século.
“A Amazônia está no centro da definição do Brasil como país e está no centro da definição do mundo, qual é o rumo que o mundo vai tomar. A Amazônia é definidora se a gente vai ter um planeta habitável ou não. Por tudo que você olha, ela está no centro, e se eu não olhasse para a Amazônia eu seria péssima jornalista”, afirmou Miriam ao Valor. Com 51 anos de jornalismo, ela viu de perto o drama da floresta ao fazer reportagem in loco na região em 2008. O drama só se agravou depois disso, como ela testemunhou ao visitar São Félix do Xingu, no Pará, no ano passado. “Passei um dia andando nessa unidade de conservação sem ver floresta. Eu via um pedacinho em um morro, outro pedacinho noutro morro, algo que não é comum na Amazônia”, disse Miriam a respeito de sua estada no Xingu, uma das áreas mais visadas pelos inimigos do meio ambiente. Tudo o que ela viu está no seu livro de 464 páginas. “O Brasil está sempre entre dois projetos: destruir ou proteger. Houve uma escalada no caminho da destruição no governo Bolsonaro e agora a gente está parado neste ponto. Para onde nós vamos?”, comentou ela ao Valor. “O que eu quero contar é que piorou muito [a destruição da Amazônia], mas que ainda há possibilidade. Por isso encruzilhada. A minha sensação é essa, que ainda há tempo, mas não muito tempo”.
O maior objetivo de Miriam, com o livro, como ela própria diz, “é oferecer uma contribuição para uma conversa que o Brasil precisa ter com ele mesmo”. A obra, certamente, não será a solução final para a tragédia amazônica, mas contribuirá para o convencimento de todos quanto a urgência climática vivida pelo país, com o desmatamento super aquecendo o planeta. O livro desnuda essa a tragédia e, de quebra, conta como a Amazônia chegou à sua atual “encruzilhada” empurrada por estranhas transações bancárias, suspeitas operações de fundos de investimentos e vários ministros irresponsáveis.