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 Livro no forno

Por: Robério Braga

Membro da Academia Amazonense de Letras (AAL), advogado e ex-secretário de Cultura do Amazonas

Medicina na belle époque

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O período que comumente é chamado de “belle époque amazonense” e vai de 1890 a 1920, mais ou menos, foi entrecortado de graves problemas de saúde pública em todo o Amazonas, com maior repercussão em Manaus, notadamente por questões de urbanização, a reclamarem atenção de médicos, farmacêuticos e corpos clínicos de hospitais cujo cenário ressaltava a incipiência dos tratamentos em relação ao que pode ser oferecido nos dias correntes, mas destacava a habilidade, experiência e conhecimento da maioria dos profissionais do setor. Entretanto, o que é lido em estudos acadêmicos e no cotidiano da imprensa circulante dá conta da aplicação de métodos e remédios os mais modernos, usados na Europa.

Diga-se que, nesse sentido, não só alguns médicos mais “afamados” adotavam a prática de minucioso estudo clínico do paciente, exames meticulosos feitos com paciência e respeito, como se utilizavam de prescrição de fórmulas manipuladas em respeitáveis farmácias de reconhecido prestígio. Essa prática era comum entre todos os que atuavam na região.

Uma simples relação de médicos abalizados da época já serviria para demonstrar o nível do atendimento que era oferecido à população, desde o primeiro “médico dos pobres”, assim nomeado pela Câmara Municipal, bem antes dos anos republicanos, que foi o dr. Antônio José Moreira, um dos irmãos “Moreira” que enveredaram pela vida partidária e em certo tempo dominaram inteiramente a cena social, política e econômica.

Para os pesquisadores das práticas de medicina no Amazonas relembro Antônio Barreto Praguer que, atendendo na Farmácia Barreto, cuidava de febres, partos, operações e vias urinárias, o qual, como muitos outros, manteve boas relações de amizade com inúmeras personalidades de projeção nacional que atuaram ou visitaram Manaus, destacando-se, neste caso, dentre outros, o brilhante escritor Euclides da Cunha. Na mesma linha de relações, pode-se referir David Antônio Vasconcellos Canavarro que chegou bem antes para combater o cólera e se fez notável na cidade.

Outros nomes a destacar são os de Costa Fernandes (senhoras e crianças), Astrolábio Passos, Arthur Carneiro, Almerindo Malcher Bacellar, João Pedro Maduro da Fonseca, Aurélio Pinheiro, José de Mendonça Lima, José Francisco de Araújo Lima, Alfredo da Matta, Samuel Uchoa, Vivaldo Lima, Manoel Joaquim Cavalcanti de Albuquerque, Jorge Moraes, Basílio Franco de Sá, João Machado de Aguiar e Melo, Henrique Álvares Pereira, Marcelino da Silva Perdigão, Manuel Afonso Silva, Turiano Meira, Jonathas Pedrosa (operador, partos, moléstias das mulheres, olhos, genito-urinário, aplicação de eletricidade), e o sempre referido e festejado Adriano Jorge. Estes e outros nomes foram trazidos a baila em estudo biográfico relevante da lavra da médica pediatra e espiritualista, Ana Maria dos Santos Pereira Braga, especialmente elaborado para a Academia Amazonense de Medicina.

Todos eles, ou quase todos, também foram professores no Ginásio Amazonense, Escola Normal e Universidade Livre de Manáos e para cujo mister defenderam teses, atuaram na imprensa, marcaram presença no campo da política e no mundo das letras e literatura, seja como conferencistas, autores de obras importantes e membros de instituições de cultura e artes como a Academia Amazonense de Letras, o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e as entidades exclusivas para médicos. Havia uma formação mais ampla, humanista, que permitia contribuírem de forma importante em várias áreas.

Nestes tempos do século XXI há de haver quem esteja atento a promover os registros dos profissionais da medicina que mais se destacam pela abnegação, formação acadêmica rigorosa e contribuição social para inseri-los nesse grupo de elite da História da Medicina no Amazonas.

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