Júnior Hekurari revela que os Yanomami estão sendo ameaçados novamente
”Estamos com medo de novo”, disse o indígena
Alessandra Luppo
Da redação do ÚNICO
O líder indígena Yanomami, Júnior Hekurari, que também é presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana, de Roraima, afirmou ao jornal Folha de São Paulo que, nove meses depois do início da operação de retirada de garimpeiros das terras indígenas, os invasores estão voltando. E voltando armados, apontando armas de fogo para os indígenas. “Estamos com medo de novo, que retorne a mesma situação e mais mortes nas comunidades”, afirmou à Folha. “Muitos garimpeiros estão retornando.”
Dois meses
Júnior Hekurari Yanomami relatou que, há cerca de dois meses, a presença das forças de segurança na região da terra indígena localizada em Roraima e Amazonas diminuiu significativamente. “A gente percebeu que parou a operação de retirada dos garimpeiros. Então, eles estão aproveitando esse silêncio”, diz. “A gente não tem informações de quando o governo vai começar a retirar de novo esses invasores que entraram nas comunidades.”
Bases insuficientes
O indígena disse que as duas bases da Funai que existem no território não são suficientes para intimidar os criminosos e garantir a segurança de quem vive ali. Os garimpeiros não respeitam”, afirma, contando que muitas vezes os indígenas são ameaçados com armas de fogo. “Eles apontam armas para as lideranças. Essas ameaças são muito constantes, então as comunidades sentem muito medo.”
“Os garimpeiros estão muito próximos da comunidade. Então, a gente está falando de, mais ou menos, 200 metros da comunidade, onde as principais águas estão de novo se envenenando [com o mercúrio usado no garimpo], colocando em risco as comunidades”, afirma.
Balanço
Segundo balanço divulgado em agosto pelo MPI (Ministério dos Povos Indígenas), em seis meses 199 pessoas foram presas por ligação com o garimpo na terra Yanomami. O mesmo documento afirma que houve redução de 95% na presença da atividade no território – estimava-se, antes do início das operações, que havia cerca de 20 mil invasores na TI.