Planta amazônica é estudada pelo Centro de Biotecnologia
Amazonas tem projeto-piloto de plantio em Itacoatiara
Fábio Rodrigues
Especial para o ÚNICO
Brasília (ÚNICO) – As pesquisas realizadas pelo Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), em Manaus, com uma espécie de bromélia nativa da Amazônia e semelhante ao abacaxi, o curauá (Ananás erectifoliu) foram destaque na agência de notícias do governo federal, nesta segunda-feira (15).
Conhecido como “abacaxi ornamental” , o curauá é geralmente usado com planta ornamental, já que seu fruto é bem pequeno e geralmente é muito ácido e fibroso, não sendo comercializado e nem consumido.
Mas não é o fruto o alvo das pesquisas, mas sim as folhas longas e fortes que produzem uma fibra capaz de substituir as fibras de vidro e, agora, de acordo com o CBA, também tem “alto potencial de alternativa econômica sustentável para a substituição do plástico de origem petroquímica”.
Projeto-piloto
Em janeiro deste ano, o governo do Amazonas iniciou um projeto-piloto de plantio de curauá na comunidade Santo Antônio de Caxinauá, no distrito de Novo Remanso, em Itacoatiara (a 270 km de Manaus).
Esse projeto recebe as mudas produzidas no CBA que, além do melhoramento genético das plantas, também capacita os produtores para o plantio e produção da fibra e os conecta com uma empresa que vai produzir o bioplástico.
“A nossa ideia é o desenvolvimento das cadeias produtivas e levar desenvolvimento, renda e um apelo social e ambiental para o interior do nosso estado. Já tem até patentes com coletes balísticos, vigas para edifícios, antiterremoto, tudo por conta da grande elasticidade e resistência dessa fibra”, explica Simone da Silva, pesquisadora e gerente da Unidade de Tecnologia Vegetal do CBA.
Curauá branco
As mudas geradas nos laboratórios são de curauá branco, espécie que naturalmente já apresenta vantagem por perfilhar mais em relação ao curauá roxo.
Após o plantio, a colheita é feita do 10º ao 12º mês, no primeiro ano. A partir do segundo ano, é possível ter de três a quatro colheitas.
“A planta que vem de cultura de tecido [em laboratório] leva um efeito residual dos hormônios que a gente usa para brotar, então, naturalmente ela gera mais brotos do que uma planta convencional. O que se torna uma vantagem para o produtor e é um investimento só inicial dele adquirir mudas in vitro, mas que ele pode depois ampliar o seu plantio ou ser uma nova fonte de renda ao vender mudas para o seu vizinho”, explica a pesquisadora.
Plantio o ano inteiro
Presente na região de não floresta, o curauá é fiel às características de clima e solo da região, preferindo solo não encharcado, ácido e pouco fértil. De acordo com os pesquisadores, é uma excelente opção de manejo sustentável por desenvolver melhor em área de sombra e com outras espécies.
Além do preparo da área não exigir fogo ou derrubada, o plantio pode ser feito em qualquer época do ano. “Vai muito ao encontro da nossa ideia de implantar em sistemas agroflorestais. O produtor não precisa deixar de plantar o que é a vocação natural dele. Se produz açaí, macaxeira, mamão, maracujá, que ele possa produzir em consórcio”, observa a pesquisadora.
“É uma espécie nativa da Amazônia que é pouco difundida e tem bastante interesse comercial. A fibra é a opção natural com maior resistência mecânica que se conhece hoje, de acordo com os nossos resultados de pesquisa”, disse o diretor de Operações do CBA, Caio Perecin.