Tudo pronto para a Cúpula de Belém, que acontecerá entre os dias 8 e 9 de agosto, com as presenças de Luiz Inácio Lula da Silva e de mais 14 presidentes dos países amazônicos. Na pauta, dentre outras questões, a eliminação do desmatamento até 2030, expansão de áreas protegidas, reconhecimento de todos os territórios indígenas e quilombolas do bioma, adoção de políticas de monitoramento e fiscalização de crimes ambientais e de combate às queimadas.
Segundo especialistas, o evento será crucial para a consolidação de parcerias entre os países para ações comuns de luta contra o desmatamento a fim de evitar o colapso do bioma por conta da crise climática e destruição da biodiversidade amazônica. Da pauta também constará a revisão do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), considerado importante por 52 organizações da sociedade civil que apostam tudo na Cúpula para que o bioma amazônico não chegue ao “ponto de não-retorno”, que seria o caos resultando na morte da floresta.
Sinal vermelho aceso
Especialistas como o copresidente do Painel Científico para a Amazônia, climatologista Carlos Nobre, e Thomas Walschburger, consultor científico sênior da TNC Colômbia, veem com grande preocupação a situação do bioma amazônico, envolvendo o Brasil e os países fronteiriços. De acordo com dados divulgados pelo site ECO, 15% da cobertura vegetal original da pan-amazônia já foi destruída, O Brasil, por exemplo, perdeu 20% dos recursos florestais que possui. O país é o mais rico em biodiversidade, ostentando 60% dos recursos totais do bioma, o que, segundo os especialistas, deverá colocá-lo como “prioridade um” na pauta da Cúpula de Belém. Para os especialistas, caso o desmatamento alcance 20%, o bioma ficará perto do caos, colapsando. Por isso, a necessidade de a Cúpula garantir o sucesso de um protocolo dentro do Tratado de Cooperação Amazônica.
Em junho passado, Carlos Nobre alertou para o fato de que, se o governo Lula não obtiver o desmatamento zero na Amazônia até 2030, a floresta atingirá o “ponto de não retorno”. Disse Nobre à CNN: “O mundo inteiro está olhando o Brasil, vamos ter que trabalhar firmemente, com muita eficácia, para zerar o desmatamento. Às vezes se fala em zerar o desmatamento ilegal mas, de fato, o desafio para a Amazônia… ela está tão perto de um ponto de não retorno, de se tornar um ecossistema degradado, que é melhor zerar todo o desmatamento e passarmos a ter o maior projeto de restauração florestal de todo o mundo para salvar a Amazônia”.
Outro especialista, Thomas Walschburger, alertou: “Do ponto de vista climático, perder a Amazônia seria fatal e não apenas para nós. Além da quantidade de água que evapora, a Amazônia influencia a circulação de massas de ar, afetando os padrões de chuva não apenas aqui na América do Sul, mas também na América do Norte. Muitos lugares do mundo dependem muito desses padrões de chuva. Se as estações secas se intensificarem, se tivermos verões mais intensos, essas florestas úmidas também desaparecerão. Elas não só se perderiam devido ao desmatamento, mas também por causa das mudanças climáticas em si”, declarou Walschburger.