Em Manaus, onde a crise do coronavírus levou a um colapso da rede pública de saúde, a disputa pela prefeitura tem à frente, liderando as pesquisas de intenção de votos, o ex-governador Amazonino Mendes, com 40 anos de vida pública. A pandemia e a frustração pela escolha de um nome novo, sem experiência administrativa para conduzir o estado, o governador Wilson Lima, está levando o eleitor a optar por quem tem experiência para conduzir a cidade nesse período tão complicado.
A análise, do Jornal O Globo, cita também entre os que concorrem ao pleito, nomes que já passaram por cargo no executivo, como o ex-governador David Almeida, que cumpriu mandato tampão de quatro meses no Governo do Estado, e o ex-ministro Alfredo Nascimento.
A matéria, intitulada ‘Resposta de prefeitos à pandemia da Covid influenciará eleições municipais, dizem especialistas’, foi publicada nesta terça-feira (20/10). Entrevistado pelo jornal, o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Tiago Jacaúna, disse que a ideia do novo perdeu força em Manaus, até por causa da pandemia. “As ações do município e do estado não estavam alinhadas”, ressaltou, citando que o prefeito defendia o lockdown, no pico da pandemia, e o governador, não.
Jacaúna também lembrou que o Amazonas teve problemas relacionados à corrupção, os quais ainda acompanha os desdobramentos. O governador do estado, que foi eleito com o discurso de renovação, foi alvo de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde e também é investigado no escândalo da compra de respiradores em uma vineria. “Não houve uma coordenação política, e agora a população, aparentemente, está apostando em candidatos conhecidos, muito experimentados”, disse ele.
Em Manaus, uma das cidades mais afetadas pelo novo coronavírus, especialistas criticaram a demora da prefeitura em exigir o uso de máscaras, o que só aconteceu em maio. “A obrigatoriedade só veio em um segundo decreto sobre o tema, de 13 de maio, mas sua abrangência esteve restrita a um pequeno segmento da população”, frisa Henrique Pereira, também professor da Ufam.
Pereira, entretanto, afirma que a prefeitura teve um trabalho de comunicação mais efetivo que o governo estadual. “Mas, com o período da campanha eleitoral, espera-se que haja forte interferência na comunicação social do município, o que infelizmente terá consequências negativas para controle e prevenção da pandemia, quando está havendo uma nova aceleração da curva de casos, internações hospitalares e óbitos em Manaus”, observou.
Efeitos da pandemia
A “pandemia econômica” tem sido uma das principais preocupações do candidato da Coligação Juntos Podemos Mais, Amazonino Mendes. Os efeitos sociais e econômicos causados pela crise gerada pela Covid-19, em Manaus, foram abordados pelo candidato a prefeito, no programa do rádio e da TV, de segunda-feira (19/10).
Amazonino Mendes disse que o novo coronavírus trouxe impacto não somente para a saúde, mas também afetou financeiramente as famílias atingidas pelo desemprego. “Perdemos gente querida e ainda temos os efeitos da pandemia econômica. Muitas empresas morreram e adoeceram. Muitas ainda passam mal. Milhares de trabalhadores perderam sua renda. É urgente pensarmos num tratamento e todos os remédios disponíveis para a crise de emprego e renda que a pandemia causou”, comentou Amazonino.
Um dos “remédios” propostos por ele é a recriação do Banco da Gente, implantado por Amazonino entre 2009 e 2012, com linhas de crédito de R$ 15 milhões em fomento aos empreendedores de Manaus. “Quem perdeu a renda, tem pressa. Quem está com fome, tem muita pressa. Manaus tem pressa”, disse Amazonino no programa de TV.
O ex-governador também destacou, no horário eleitoral, que a rede de atenção básica será reconstruída, com o retorno de programas de sucesso, como as Carretas da Mulher e da Saúde. “Quem tem problema de saúde, também tem pressa. Por isso, essas serão as nossas prioridades: saúde, emprego e renda”, disse.