transferir
Mineração Sustentável é possível?

Por: Michele Lins Aracaty e Silva

Economista, Doutora em Desenvolvimento Regional, Docente do Departamento de Economia da UFAM, ex-vice-presidente do CORECON-AM.

Educação e Crescimento Econômico

Educação e Crescimento Econômico

Quem acompanha a trajetória socioeconômica e educacional do Brasil sabe que em relação à questão social e econômica já presenciamos momentos favoráveis e desfavoráveis, subidas e descidas, prosperidade e decadência, mas em nenhum destes cenários a educação de qualidade foi o foco central das políticas públicas seja à nível federal, estadual ou municipal.
Nosso país pegou uma estrada diferente da trilhada pelos países desenvolvidos como a Finlândia bem como dos atuais emergentes como a Coréia do Sul onde a educação de qualidade constitui o eixo central das políticas públicas nacionais de médio e longo prazo com adoção de metas bem definidas e prazos a serem cumpridos.
Não estamos aqui reivindicando mais investimento em educação em relação ao PIB e sim sua qualidade e aplicabilidade bem como um retorno mensurável do investimento. Isso porque, sem base escolar forte e abrangente nenhum sistema de ensino superior dará resultado satisfatório mesmo em longo prazo.
Ademais, temos um gargalo inegável conhecido como desigualdade regional, fruto de um país desigual e de dimensões continentais, que se divide em regiões economicamente ativas que crescem e se desenvolvem socioeconomicamente e educacionalmente mais que outras (Sudeste e Sul) e regiões que ficaram para trás num patamar muito distante regionalmente tanto em relação às condições oferecidas para os estudantes e para a sociedade bem como se analisarmos os indicadores considerados ideais (Norte e Nordeste).
Já em relação aos indicadores socioeconômicos e educacionais como: IVS, IDHM, Índice de Gini, Concentração de Renda, IDEB, número de matrículas nas escolas, número de docentes, número de estabelecimentos públicos e privados referentes à Região Norte do país sabemos que estes apresentaram avanços positivos com o passar dos anos, mas ainda estão à “anos luz” do ideal e apresentam um abismo em relação aos indicadores das demais regiões brasileiras.
Além disso, não podemos ignorar a importância da educação como fator do desenvolvimento regional com foco na formação e qualificação do capital humano, melhorias de produtividade, oportunidades, ganhos sociais bem como financeiros, que promovam a alavancagem no mercado de trabalho de forma individual e posteriormente coletiva contribuindo para o crescimento e desenvolvimento econômico regional e local.
Pesquisa divulgada em 2021 pelo Unicef mostra que o número de crianças e adolescentes sem acesso à educação no Brasil saltou de 1,1 milhão em 2019 para 5,1 milhões em 2020. Desses, 41% têm entre 6 e 10 anos, faixa etária em que ocorre a alfabetização.
Recentemente, o Ideb publicizou os dados de 2021 e recebemos com enorme preocupação os números que retratam a piora no aprendizado dos estudantes brasileiros como impactos da pandemia decorrentes do prolongado fechamento das unidades de ensino.
Os estudantes dos níveis fundamental e médio no Brasil tiveram uma piora em seu nível de aprendizagem em 2021 no segundo ano, sendo: em língua portuguesa a queda foi de 24 pontos em relação à 2019. Já em relação ao aprendizado em matemática a queda foi de 9 pontos.
Em relação ao quinto ano também do ensino fundamental, as perdas também foram significativas: sendo de 7 pontos em língua portuguesa e de 11 pontos em matemática.
Acerca do nono ano, as perdas foram menores, mas não deixam de causar preocupação, sendo de 2 pontos para a língua portuguesa e de 7 pontos para matemática. Chama a atenção o conhecimento inferior ao mínimo exigido na prova. Em 2019 foram 12% se elevando para 14% em 2021.
A pandemia acentuou ainda mais o já fragilizado sistema educacional e o peso do impacto foi mais acentuado sobre os estudantes em fase inicial de alfabetização constituindo um desafio para todos e que a recuperação desta perda dependerá do esforço de todos e deve ser implementada através de ações concretas e bem direcionadas.
Por fim, cabe a reflexão de que um processo de aprendizado deficiente influencia diretamente na qualificação, no mercado de trabalho e impacta diretamente no crescimento econômico.

O conteúdo deste artigo é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do ÚNICO


Qual sua Opinião?

Confira Também