Devastação em terras Yanomami é três vezes maior do que se imaginava

Novas imagens mostram destruição de rios e florestas em Roraima

Garimpeiros estavam abandonando cursos de rio e buscando as serras

Brasília (ÚNICO) – A utilização de um novo sistema de monitoramento de imagens de satélites chamado Amazon Mining Watch (AMW) está permitindo à comunidade científica e às autoridades brasileiras tomar conhecimento do verdadeiro tamanho da destruição causada pelo garimpo do ouro, em terras Yanomami, em Roraima.
Segundo o portal UOL, que revelou a ferramenta, a devastação foi três vezes maior do que se imaginava.
A devastação se acelerou a partir de 2021, atingiu áreas de floresta que estavam preservadas até então e impactou diretamente uma a cada três aldeias yanomami, diz relatório da AMW.
A ferramenta identificou a destruição de 1.226 hectares de floresta amazônica na TI Yanomami nos anos de 2021 e 2022. Essa área representa o triplo da devastação anunciada em janeiro pelo sistema de alertas diários do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Mudança de estratégia

O pesquisador Estevão Senra, do Instituto Socioambiental (ISA), também estuda a região e confirma que o garimpo avançou para novas áreas. Antes havia uma concentração maior no rio Uraricoera, mas os garimpos avançaram em direção ao sul, onde há mais serras. “As aldeias nessa região têm populações menores, mas o número de comunidades é maior. E todas procuram se instalar perto de cursos d’água, algo que os garimpeiros também fazem. Isso é um risco para a população”, diz o pesquisador.
“Isso significa que as ações iniciais do governo no rio Uraricoera são um bom começo, mas será preciso expandir as operações para outras áreas, se o objetivo for realmente acabar com o garimpo ilegal na TI”, acrescentou Matt Finer, pesquisador da ONG Amazon Conservation.

Nos traços vermelhos o sistema Deter detectou a destruição em 2022, mas o sistema AMW, em traços azuis, ampliou em três vezes o desflorestamento (Foto: Google Earth/UOL)

Proximidade de aldeias

O monitor revelou também que a destruição está próxima de cada vez mais aldeias Yanomami, o que ajuda a entender a crise de saúde provocada pelo garimpo. Das 305 aldeias identificadas pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), 104 foram alvo de desmatamento por mineração em uma distância inferior a dez quilômetros — ou uma a cada três comunidades.


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