No Amazonas não é diferente, nos deparamos com dois fatos gritantes sobre a realidade em foco.
As mídias sociais recentemente registraram manifestação de um jovem adolescente de nacionalidade africana, adotado por uma família brasileira de artistas dos folhetins da globo, determinado a conhecer seu condão biológico e, sobretudo, sua ancestralidade cultural.
A manifestação não é isolada. Numa busca preliminar nas redes sociais nos deparamos com inúmeros fatos que denunciam este propósito na tentativa de encontrar respostas para múltiplas perguntas que estes atores fazem quanto à sua formação identitária e sua trajetória como pessoa em desenvolvimento.
No Amazonas não é diferente, nos deparamos com dois fatos gritantes sobre a realidade em foco, a provocar ruptura no ambiente familiar circunscrito numa situação historicamente determinada.
A começar pelo processo de colonização mediado por religiosas e religiosos, em particular no Rio Negro, a noroeste do Amazonas, onde os padres Salesianos construíram uma megaestrutura para cristianização dos povos indígenas em forma de Internatos Religiosos por mais de cinquenta anos.
Esta intervenção nas culturas originárias patrocinadas pelo Estado brasileiro provocou tamanha redução junto à formação e organização dos povos indígenas desta região impactando nas relações parentais com rupturas nas famílias dos internos que, quase sempre não retornavam mais para seus pais biológicos, sendo adotados por militares e outras famílias que moravam em Manaus e outras paragens por todo o Brasil.
Tudo isso feito em nome da civilização e da cristianização romana.
Outro marco desta prática interventora ocorreu junto às famílias hansenianas no Amazonas e por todo o Brasil.
As crianças eram violentamente separadas de suas mães por determinação de ordem sanitária e levadas para abrigos públicos e depois doadas para famílias ditas saudáveis e cristãs.
Algumas destas mães foram convencidas que seus rebentos tinham morridos no parto. Atualmente, por meio do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), estas mães descobriram que foram lesadas e, portanto, buscam reencontrar suas filhas e filhos para conforto de sua alma e alegria maternal.
De qualquer forma, além do reencontro familiar a ser promovido é necessário exigir do Estado uma reparação pública na perspectiva de que a justiça seja feita e que nunca jamais Governo, Estado e Igreja patrocinem atos de tamanha violência contrários aos direitos humanos e dos povos originários afrontando as determinações de nossa Constituição Federal.