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Prêmio para a cidadania

Por: Augusto Bernardo Cecílio

Auditor fiscal e professor

Concurso Público, questão de justiça!

concurso público

Em épocas passadas ouvimos falar bastante da forma nebulosa de inclusão de pessoas no serviço público. Ficou famoso o papel do pistolão ou das conversas acerca de que somente os que possuíam QI (Quem Indica) logravam êxito nessa seara. Hoje não mais, pois os concursos públicos foram institucionalizados pela Constituição Federal de 1988, passando a dar valor ao verdadeiro QI. Mas isso incomoda.

Os servidores públicos, que utilizaram a forma correta de entrada para um cidadão atuar na Administração Pública, são vitimas de verdadeiras campanhas de difamação, que grudam na sociedade como se fossem informações verdadeiras.

Por trás da conquista de uma vaga estão anos de esforço, de batalhas, de horas mal dormidas, de necessidades não solucionadas, de medo ou de incerteza, de cursos preparatórios, de estudos em grupos de amigos ou nos solitários estudos individuais que invadem a madrugada, mantidos unicamente pela força interior e pela esperança de vencer, de ser alguém, de dar uma vida melhor para os seus familiares.

Aliados aos detratores, aos destruidores da honra alheia e aos que repetem para a sociedade que servidor público não trabalha, não tem eficiência, que trabalha pouco e ganha muito, existem os agentes políticos que se sentem incomodados por não poder colocar pra dentro os seus apadrinhados, os cabos eleitorais e familiares.

Além deles existe uma enorme quantidade de pessoas que não estudaram e nem se prepararam o bastante para passar em concursos, portanto, chateados. Uns diriam, despeitados. Mas quem tem culpa por isso? Resposta: Os que trocaram os livros por festas, por farras, por balneários ou redes sociais.

Os concursos possuem um aspecto democrático que outra forma de ingresso não possui, pois todos concorrem em pé de igualdade, privilegiando a meritocracia, onde qualquer pessoa pode participar independente da sua classe social, cor, credo, enfim, selecionando os melhores candidatos e combatendo o nepotismo, a politicagem e a troca de votos e favores por cargos.

É por isso que irrita tanto. Hoje, por exemplo, ainda existem milhares de cargos comissionados e terceirizados que lotam determinadas repartições públicas. Muitos que entram numa gestão saem em quatro anos, com a saída do seu político protetor. Depois entra nova leva de caras novas. Por isso, também, que muitos detestam a estabilidade dos servidores concursados e que passaram pelo estágio probatório.

Na pandemia, em que os servidores e os serviços públicos mostram o seu valor, é essencial refletir acerca das tantas armadilhas e agressões praticadas contra eles no passar dos tempos, com perdas de direitos, com aumento das contribuições previdenciárias, além de imposição de dificuldades para se aposentar, etc.

Alardearam a urgência de uma Reforma da Previdência para que o Brasil entrasse nos eixos, e não entrou. Agora são alvos de uma Reforma Administrativa, encaminhada sem dados e informações técnicas necessárias para justificar mudanças tão radicais no serviço público, mas não se toca em Reforma Política, com milhares de cargos no Brasil sem necessidade, onde a população pergunta por que tantos cargos eletivos, e sequer falam em taxar as grandes fortunas ou em auditar a dívida pública brasileira.

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