Robério Braga
Preparando a Ceia do Natal de Jesus, conforme a tradição mais antiga, ornada a casa de residência com os símbolos cristãos que representam esta data magna, entre luzes, presépio e árvore natalina decorada com esmero e simplicidade, mas sem qualquer ostentação como fomos ensinados desde a tenra idade, ousaremos clamar aos céus uma dádiva especial e o faremos em rogos contritos e, por certo, sob forte emoção.
Que assim seja, também, nos recantos mais humildes e em derredor da mesa tosca de madeira bruta, em que o pão seja o bálsamo para as dores muitas e para as fadigas das lutas árduas, mas que não falte a oração com as glórias a Jesus Menino.
Que todos sejamos capazes de conquistar serenidade para unir o coração e o espírito para exprimirmos, com as preces mais sinceras advindas do profundo do nosso ser, um único pedido ao mundo das estrelas, e que ele possa se realizar na hora santa dessa reunião bendita, e mais, que se faça pelo abraço fraterno que congregue os laços de família entre a terra e os planos espirituais em um só encontro de amor. E todos glorifiquemos o Senhor.
Será este o momento de revermos se conseguimos exercitar a prática da caridade, do amor constante, intenso e puro, da equidade, assim como verificarmos se abandonamos o egoísmo e o orgulho, se fomos sensíveis para com o próximo e se tudo fizemos para fortalecer a fé. É de nossa crença que aquilo que pedirmos há de ser concedido em bençãos, graças, luzes e irradiações puríssimas para que a noite seja reluzente e venha a espargir os mais puros sentimentos, com a ajuda e a inspiração dos anjos e arcanjos que são encarregados de dar cumprimento às missões celestes mais especiais.
Quando for servida a ceia, e antes que o pão e o vinho alimentem a matéria que é nosso invólucro, deveremos agradecer pela vida, pela saúde e pela paz, e haveremos de pedir que elas alcancem os irmãos desesperançados e sobre eles desçam luzes estelares que apaziguem seus corações e os façam compreender que o caminho que todos trilhamos é o da evolução espiritual.
Será a hora de rogarmos alcançar a rota da nossa própria construção como homem de bem de que nos fala o Evangelho – “o que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade, em sua maior pureza”, aquele que tem fé em Deus e em sua bondade, se afasta do ódio, do rancor, da vaidade e do desejo de vingança, consegue ser indulgente, perdoa e esquece as ofensas que possam ter sido assacadas contra si.
É preciso confiar no futuro e dispor “os bens espirituais acima dos bens temporais” ao mesmo tempo em que devemos compreender que as vicissitudes que nos afligem, verdadeiras provas ou expiações nessa passagem terrena, são postas diante de nós para nosso engrandecimento, fortalecimento da nossa fé e evolução do espírito, e tudo que fizermos pelo nosso semelhante devemos fazê-lo sem esperar recompensas pelo bem que praticarmos.
Antes dos brindes e das conversas alegres tão comuns nesta ocasião, deveremos fazer uma reflexão sincera sobre a mensagem maior de Jesus – esse menino que nos reúne na ceia do seu Natal como seus queridos irmãos -, a nos dizer que devemos “amar os inimigos, fazer o bem àqueles que nos odeiam, orar por aqueles que nos perseguem”, observando a síntese de sua pregação que ressoa séculos afora: amar e perdoar.
Nesta noite da Ceia de Natal de Jesus – corações em flor e ao desdobrar dos sinos da esperança deveremos estar apostos para a construção do futuro, sob a luz da concórdia e da caridade.