Câmaras de Segurança reforçam depoimentos de Mayc como autor do crime. Caso Flávio

Imagens das câmeras de segurança do Condomínio Passaredo reforçam detalhes, já apresentados à polícia, sobre todos os fatos que ocorreram no dia 29 de setembro e antecederam a morte do engenheiro Flávio Rodrigues dos Santos, de 42 anos. Ele foi encontrado morto no bairro Tarumã, no dia 30 de setembro. (Confira o vídeo no final do texto)

Nos depoimentos coletados pela equipe da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), os envolvidos Alejandro Valeiko, Elielton Magno e Júnior Gordo disseram que estavam na sala de estar da casa de Alejandro quando dois homens “encapuzados” entraram no local. Júnior pensou que se tratasse de um assalto, correu para o banheiro e mandou uma mensagem para o irmão informando sobre o ocorrido.

Homens encapuzados

Os três afirmaram que os homens estavam encapuzados porque o primeiro a entrar no local, que foi o policial militar Elizeu da Paz, usava uma balaclava (máscara). Já Mayc Vinícius Teixeira Parede entrou minutos depois, imobilizou Flávio e o levou para carro de Elizeu.

Nos vídeos, do circuito interno do condomínio, é possível notar que o período de tempo em que Mayc e Elizeu permanecem no Passaredo, é quando a ocorrência inicia. 10 minutos após eles entraram no local, Magno vai correndo para portaria pedir ajuda após ser esfaqueado nas costas, detalhes confirmados pelo próprio Magno em depoimento.

Em outra imagem, Elizeu aparece saindo do condomínio. Ele está conduzindo o veículo e Mayc, no banco de trás, mantém Flávio imobilizado. Detalhe esse que aponta que o engenheiro estaria vivo quando foi retirado do condomínio pelos dois. Informação também reforçada por Mayc, em depoimento, que disse ter jogado “seu corpo contra o de Flávio na posição de 100 quilos” fazendo com que ele não se mexesse.

Confira a história completa

Tudo começa no sábado (28), no Bar Bohemia, Centro de Manaus. Em seu depoimento, Elielton Magno de Menezes Gomes Junior relata que estava no local com o amigo Bruno Barroso, onde ficou até o amanhecer do dia seguinte (29) bebendo e “fazendo uso de cocaína”, quando falou com José Edvandro Martins de Souza Júnior, o “Júnior Gordo” (que já conhecia há 2 anos) e Flávio Rodrigues, que estava pagando bebida para “todo mundo”.
Sgundo Júnior Gordo, o grupo permaneceu no local bebendo e usando entorpecentes quando Matheus de Moura Martins convidou todos (Flávio e Magno) a irem para casa de Alejandro, no Condomínio Passaredo, bairro Tarumã. Incluindo um colega identificado apenas como “Pakalolo”.

[Trecho de depoimento – Júnior Gordo]

À polícia, Alejandro confirmou as declarações de Magno e Júnior. Ele estava em casa, na companhia do cozinheiro Vittorio Del Gatto, quando recebeu uma ligação de Matheus informando que estava “indo lá” com os colegas. Por volta das 10h00, os cinco chegam no imóvel, no carro de Flávio, modelo Fox branco. Desses, Valeiko e Vittorio só conheciam Matheus e Júnior Gordo.

[Trecho de depoimento – Vittorio]

No mesmo período, a portaria enviou uma mensagem via WhatsApp para o policial militar Elizeu da Paz de Souza avisando que Matheus e Flávio entraram no condomínio. Vittorio também entrou em contato com o PM informando que o grupo estava fazendo “algazarra”.

Alejandro disse ainda, em depoimento, que após todos chegaram na casa continuaram a fazer uso de cocaína e ingerir bebida alcóolica, quando, por volta das 17h01, eles saem para ir à uma rave (festa) em um sítio, na Avenida do Turismo, também no bairro Tarumã. Antes de ir com o grupo, Flávio envia uma mensagem para família avisando que iria mais tarde para casa.

[Print do grupo da família – Flávio]

Apenas Flávio, Alejandro, Matheus e Júnior Gordo vão para a festa, Magno permanece dormindo na casa de Valeiko e “Pakalolo” não é mais citado pelos envolvidos.

PM Elizeu e Mayc – peças chaves do caso
Amigos há aproximadamente 20 anos, o PM Elizeu e Mayc Vinícius Teixeira Parede se encontraram, na tarde de domingo (29), na casa de um amigo do policial, situada no bairro Jorge Teixeira, zona Leste. De lá, por volta das 21h20, eles seguem para um bar localizado na Avenida do Turismo, em um veículo modelo Corolla prata, onde ficam até às 21h50.
Em depoimento, Mayc afirma que cada um tomou uma dose de whisky e ambos ficaram no local por volta de 22h14, quando Elizeu o chamou para ir embora. Ao chegarem no veículo para irem embora, o PM disse que faria uma ronda em um condomínio, sem especificar na casa de quem.

Magno acorda e grupo chega da Rave – 2 horas antes do crime
De acordo com Magno, por volta das 20h, ele acordou no quarto de Alejandro e enviou uma mensagem para mãe. Em seguida, foi até a cozinha e pediu comida a Vittorio, que o orienta a ir embora já que Alejandro e os demais não estão na residência.
Por volta das 21h, Magno sai pela guarita 2 do condomínio e segue até a primeira, a pé. Caminhando, o percurso dura mais de 30 minutos.

[Trecho de depoimento – Magno]

Ao retornar para residência de Alejandro, o grupo (já sem Matheus e Pakalolo) encontra Vittorio limpando a cozinha. Flávio anuncia que vai comprar mais bebida e sai acompanhado de Alejandro e Magno do condomínio. O trio para em uma loja de conveniência, em um posto próximo ao Passaredo, compram uma caixa de Brahma e batata salgada, e retornam para casa.

Os instantes a seguir são construídos com base nos depoimentos coletados pela Polícia Civil:

DOMINGO
21h34

  • Magno chega na guarita 1 que dá acesso ao condomínio. Flávio, Alejandro e Júnior Gordo retornam para o condomínio da rave, já sem Mateus e Pakalolo. Encontram Magno que estava indo embora, ele faz parada, fala que está sem dinheiro para ir para casa e pergunta se alguém tinha para arrumar. Flávio, Júnior e Alejandro teriam dito para ele ficar tranquilo que o levariam para casa. Magno entra no veículo e retorna para residência de Alejandro com o grupo. Eles encontram Vittorio arrumando a cozinha.

21h47
Flávio informa que vai comprar mais bebida e sai do condomínio, acompanhado de Alejandro, que senta no banco do passageiro do Fox branco, e Magno no banco de trás. Júnior permanece na casa de Alejandro. O trio para em uma conveniência de um posto de gasolina, próximo ao condomínio, compram uma caixinha de Brahma e uma batata salgada, pagas por Flávio com seu cartão de crédito.

22h10
Eles passam pela guarita 2 do Passaredo e chegam na casa de Alejandro, apenas Flávio continua bebendo.

  • Pouco tempo depois, ao terminar de limpar a cozinha, Vittorio se despede de todos e segue para o seu quarto. Conforme Vittorio, neste momento decide ligar novamente para o PM Elizeu para informar que o grupo continuava na sala ingerindo bebida alcoólica, porém o policial não atende.
  • O grupo permaneceu na sala após Vittorio dar “boa noite”. Conforme Alejandro, quando o cozinheiro foi para o quarto, eles já tinham parado de consumir cocaína.

22h14

  • PM Elizeu e Mayc chegam na guarita 1 do condomínio. Por ser conhecido dos agentes de portaria, Elizeu entra sem precisar fazer biometria e ser anunciado. Ele apenas abre a janela do carro e tem sua entrada autorizada. Os moradores da casa 179 não sabem de sua chegada.

[Trecho de depoimento – porteiro Juzenildo]

22h20

  • O Corolla passa pela segunda portaria. Mayc e Elizeu chegam na frente da casa 179. O PM Elizeu identifica pelo lado externo da residência que há pessoas estranhas dentro da casa na companhia de Alejandro.
    *Nesse momento, as informações são baseadas nos depoimentos prestados por PM Elizeu e Mayc
  • Em seu depoimento o PM Elizeu declarou que “estava cansado de ver o que ocorria na casa” (uso de drogas e furtos por parte dos convidados de Alejandro). Resolveu sair do carro e dar um susto em todos os presentes, inclusive no Alejandro. Já Mayc narra que o PM estava irritado antes de entrar na casa após ver que “esse pessoal” estava lá. Ainda conforme Mayc, no carro, Elizeu disse: “Parede, eu vou dar um susto nesse pessoal, me acompanha”. O PM veste uma balaclava (máscara) que estava em seu carro, e chama Mayc que estava trajando um boné branco.

[Trecho de depoimento – Mayc]

  • Dentro da casa estavam Magno, sentado em um sofá, Alejandro, sentado na cabeceira da mesa de jantar, Flávio também sentado na mesa de jantar de costas para a porta de entrada, e Júnior próximo à bancada da cozinha. Nesse momento, Júnior avistou um carro entrando de ré na garagem, viu um homem encapuzado com uma arma na cintura. Ele afirma, em depoimento, que avisou os demais falando algo como “olha aí, ó” e correu para o corredor que dá acesso aos quartos. Entrou em um deles, que parecia ser o de Alejandro, e se trancou no banheiro.

22h26
-Seis minutos após a entrada de Elizeu e Mayc, Júnior Gordo envia uma mensagem ao irmão Jonathas Martins via WhatsApp, com a sua localização, informando que estava refém e estava acontecendo um assalto. Na mensagem, ele também pede ao irmão que ligue para polícia

[Print da conversa entre Júnior Gordo e o irmão logo após entrar no banheiro]

  • Já na sala, o PM Elizeu se depara com apenas três pessoas (Magno, Alejandro e Flávio). À polícia, ele diz que seguiu direto em direção a Alejandro desferindo duas coronhadas com sua pistola IMBEL .40, de cor preta. No laudo de exame de corpo de delito em Alejandro, a perita indica “ferida na região parietal direita” (parte detrás do crânio) feito por instrumento contundente. Com a coronhada Alejandro baixa a cabeça e começa a sangrar.

[Trecho de laudo – Alejandro]

  • Magno sai correndo e encontra Mayc do lado de fora. Conforme Magno, Mayc o segurou pela frente colocando os dois braços embaixo dos seus braços e sussurrou algo como “ei pô, peraí peraí”. Magno então consegue se desvencilhar de Mayc e diz que acredita que o homem quis soltá-lo. Ele sai correndo em direção da guarita gritando socorro. É quando sente algo quente escorrendo em suas costas (sangue).
  • O PM Elizeu olha para trás e vê gotas de sangue próximo de Mayc, que permanece do lado de fora da residência, levanta a balaclava e pergunta “o que tu fez?”. Nesse momento Mayc entra na casa, vê que o PM Elizeu estava na frente de Alejandro e afirma que Flávio vem em sua direção e tenta lhe acertar um soco no rosto. Então Mayc consegue imobilizá-lo e aplica um golpe de arte marcial chamado Katagatame. Com o golpe, Flávio fica desacordado por dez segundos, logo recobrando a consciência. Ainda segundo Mayc, Flávio teria começado a gritar. O PM Elizeu tenta tranquilizar Mayc e diz: “Calma, calma. Vamos deixar ele lá fora”. Mayc então imobiliza Flávio pelo pescoço e o leva até o banco de trás do veículo. Ele senta junto com Flávio que estava de costas e joga seu corpo contra o dele na posição de “100kg”, fazendo com que Flávio não se debatesse. Para que Flávio parasse de gritar, Mayc usou uma fita silver tape cinza, que estava em sua mochila, para enrolar na boca do engenheiro. Consciente, Flávio tenta se mexer e gritar, mesmo com a fita em volta de sua cabeça. PM Elizeu entra no carro e diz para Mayc que ele tinha feito besteira, “muita merda”, e que deixariam o “cara” (Flávio) fora do condomínio. Nervoso, porque nada saiu como esperado, o PM Elizeu liga o carro e vai em direção à saída.

[Trecho de depoimento – Mayc]

22h30

  • Magno, trajando apenas calça, chega na guarita 2 do condomínio com a costa ferida, pede socorro alegando que tinha “sido furado” por um indivíduo encapuzado que invadiu a casa e aplicou uma coronhada na cabeça de Alejandro. Porteiros correm para socorrê-lo.

22h33
Elizeu e Mayc ficaram no condomínio entre 22h21 e 22h32, horário em que saem com Flávio. No banco de trás, Mayc segura Flávio.
*Nesse momento, as informações são baseadas nos depoimentos prestados por PM Elizeu e Mayc

  • PM Elizeu passa rápido pela portaria falando “abre, abre” para o porteiro. Ele não queria ser identificado por Magno, que estava recebendo atendimento na portaria. Flávio está imobilizado no banco de trás com a cabeça para baixo, pressionada pelo peito de Mayc. A ideia, segundo Mayc, era deixá-lo fora do condomínio com vida.
  • Os dois fazem o retorno sentido aeroporto e entram na estrada do Tarumã, seguindo na direção do Vila Suíça. Em determinado momento o policial para o carro, olha para Mayc e diz: “Parede, solta ele”.
  • Mayc resolve puxar Flávio para fora e soltá-lo longe do carro. Ele disse em depoimento que adentrou 5 metros com Flávio em um descampado. Ao tentar cortar a fita silver tape da parte de trás da cabeça, Flávio reagiu, travou luta corporal e atirou uma pedra em Mayc para se defender. Nesse momento, Mayc assumiu em depoimento que desferiu dois a três golpes de faca em Flávio que ainda estava de pé. Narra ainda que a vítima correu “mais para dentro do terreno”.
  • Mayc retorna para o veículo e joga a faca próximo ao local. Dentro do veículo Mayc desabafa com PM Elizeu: “Fiz merda, acabei com a minha vida”, o PM rebate de imediato: “Tu acabou com a minha carreira”.
  • O PM Elizeu decide retornar a sua casa no bairro Nova Cidade seguindo o trajeto: estrada do Tarumã, Torquato Tapajós, Santa Etelvina, saindo já próximo ao Nova Cidade. Em depoimento, o PM relatou que por estar decepcionado, “puto” e bravo com Mayc, não quis deixá-lo na sua residência e mandou ele descer do veículo: “vai embora daí, cara, eu vou pra minha casa”.

[Trecho de depoimento – Mayc]

[Trecho de depoimento – Mayc]

  • Após deixar Mayc, o PM percebeu que o pneu do carro estava furado, pediu ajuda do vizinho, que foi ao seu encontro levando o pneu, depois seguiu caminho e foi pra casa. Já Mayc pegou um mototáxi e também se dirigiu para a sua residência.

22h41
-Portaria entre em contato com Igor Gomes, proprietário do imóvel e cunhado de Valeiko, para informar que havia uma pessoa esfaqueada e que Alejandro estava ensanguentado. Durante a ligação, Igor pede que sejam chamados a Polícia e o Samu, em contrapartida, os porteiros informam que ambos já foram acionados.

  • Magno está deitado na guarita 2 com curativos nas costas e Alejandro conversa com moradores do condomínio.

Tempo indeterminado

  • Nesse mesmo período, o porteiro Júnior Barbosa pede ao colega de trabalho, John Lenonn, para ir à casa de Alejandro verificar o ocorrido. Ele vai até a residência, mas durante o caminho acaba esbarrando em Alejandro que conta que estava bebendo em casa quando dois homens encapuzados entraram, um portando arma de fogo e outro uma faca. O porteiro acompanha Alejandro até a portaria.
  • Em seguida, o John Lennon retorna à residência 179 e percebe a casa com móveis revirados, mancha de sangue no chão, principalmente no balcão americano, quantidade razoável (nem muito, nem pouco) de sangue. Também percebeu gotas de sangue fora da residência, no caminho que leva a portaria. Entretanto, o vigilante afirmou que não lembra de ter visto sangue na parte da garagem da residência.
  • Abordou novamente Alejandro, ao voltar para portaria, e ele afirmou que a casa tinha sido invadida e que levaram seu amigo, mas não sabia o nome.

[Trecho de depoimento – John Lennon]

[Trecho de depoimento -Júnior Barbosa]

22h55

  • O síndico é acionado e encontra Magno no chão com atadura nas costas e Alejandro em pé com o rosto sangrando e sujo de sangue. O porteiro lhe informa que um dos visitantes disse que o condomínio foi invadido, mas não teve rompimento de cancela ou sinais de coação dos moradores e funcionários. Ele se desloca com subsíndico Ronaldo para a residência 179; Não entra no local, mas vê os móveis revirados.
  • Alejandro permanece na portaria até a chegada de Igor, por volta das 23h00.

22h57

  • A primeira equipe de polícia, composta pelo Sargento Eduardo Barreto e Subtenente Dilma Marien, chegou ao local. À polícia, Barreto relatou que conversou com Magno e Alejandro sobre o que teria acontecido. A equipe não entrou no imóvel e posteriormente quem assumiu a ocorrência foi a Tenente Ana Carolina Bentes.

23h00

  • Igor Gomes, esposo de Paola Valeiko (irmã do Alejandro) decide ir no local, mas antes passou na casa da sogra e chamou um policial para acompanhá-lo no condomínio.
  • Quando Igor chegou no condomínio, viu a presença de policiais atendendo A ocorrência e falou com Alejandro, que estava na portaria com a cabeça ensanguentada, aparentemente alterado, e não soube explicar o que havia acontecido. Ele chegou a questionar o síndico do condomínio e Vittorio sobre o que havia ocorrido, mas ninguém sabia dizer ao certo o que de fato aconteceu e nem quantas pessoas entraram na casa. O síndico disse que dois homens teriam entrado na casa e perguntado sobre o dinheiro. Igor informou ainda que o síndico descartou a possibilidade de entrada de pessoa desconhecida, já que todos os visitantes são autorizados pelo morador. Igor entra na residência após os vizinhos saírem e vê três “pegadas” de sangue perto da cadeira de plástico, situada na casa.
  • Paola decide ligar para a mãe, que estava no Hospital Adventista com o marido, o prefeito de Manaus Arthur Neto, para que ela fosse à casa de Alejandro, pois ele estava ferido e havia outro rapaz na portaria, também lesionado.

23h02

  • Acompanhada do Samu, a segunda equipe da PM, coordenada pela Tenente Ana Carolina Bentes, chegou ao local, às 23h02.

23h12
Às 23h12, a Tenente Carolina conversa com Valeiko, já na segunda guarita, sobre o que teria acontecido e depois se dirigiu para a residência.

  • Na casa, viu o síndico conversando com “Junior Gordo” pelo basculante do banheiro, pediu para que ele saísse, mas o mesmo se recusou e só saiu quando o pai chegou no imóvel.
  • Bentes relatou ainda que não conseguiu isolar o local, pois a casa estava fechada e quando ela conseguiu adentrar na sala, a energia foi embora, dificultando a averiguação da cena. A tenente solicitou que o síndico isolasse e ele se comprometeu a fazê-lo.

[Trecho de depoimento – Tenente Ana Carolina]

23h25
-Magno é levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)

SEGUNDA-FEIRA
00h00

  • Elizabeth Valeiko chega no condomínio e encontra Alejandro com sangramentos na região do rosto e camisa, notou que ele estava sob efeito de álcool ou entorpecente. Questionou ao filho o que estava acontecendo, ele não soube explicar, pelo contrário, falou “mãe, tá tudo bem!”.
    [Trecho de depoimento – vigilante Júnior Barbosa que relatou os horários de chegada de Arthur e D. Elisabeth]
  • Depois de algum tempo, Paola também chega ao local e encontra a mãe (D. Elisabeth) e o irmão dentro de um veículo. Igor estava conversando com o síndico.
  • Paola entra na residência e percebe “rastros” de sangue próximo a cadeira da mesa de jantar. Em depoimento, a jovem afirmou que limpou o sangue que estava no chão da sala com papel toalha umedecido e destacou que não sabia que poderia prejudicar o trabalho da polícia, porque eles já tinham saído da casa.
  • À polícia, Elizabeth disse que conversou com o homem, que depois soube que era Júnior Gordo. Ele relatou que o grupo estava na sala “numa boa” quando chegou um homem encapuzado, que perguntou “cadê o dinheiro?”. Ele correu e se escondeu no banheiro. Diante dessa informação, Elizabeth perguntou do filho se ele devia algo a alguém, mas Alejandro negou. Em seguida ela entrou no quarto dele para entender o que estava acontecendo, e ao sair conversou com Vittorio, seu genro Igor, sua filha Paola, o síndico do condomínio, e o subsíndico Ronaldo, que estavam dentro da casa. Ela disse ainda que viu na garagem gotas de sangue e um carro branco, que depois soube ser de Flávio. Paola comentou que também tinha gotas de sangue no interior da casa, que acreditava ser do ferimento de Alejandro, e limpou as referidas manchas porque a cadela estava pisando e espalhando sangue pela casa.

02h00

  • Arthur chega no condomínio.

[Trecho de depoimento – vigilante Júnior Barbosa que registrou os horários de chegada dos familiares de Alejandro]

  • Vittorio e Alejandro não comentaram com Elizabeth que o PM Elizeu tinha estado na casa minutos antes. Ela não lembra o horário que saiu do condomínio, mas o fez na companhia de seu marido Arthur. Pelas circunstâncias de Alejandro estar sob efeito de drogas, ninguém explicar o que realmente aconteceu e Júnior ter comentado que o homem encapuzado proferiu “cadê o dinheiro?”, ela e as outras pessoas que estavam na casa, acreditavam que os homens haviam ido cobrar dívida de drogas. Temendo que algo acontecesse, os familiares decidiram que Alejandro e Vittorio dormiriam fora da casa, em um hotel.

[Trecho de depoimento – Elizabeth Valeiko]

04h00

  • Os familiares saem do condomínio.
    [Trecho de depoimento – Paola Valeiko]

07h00

  • Igor relatou à polícia que o PM Elizeu foi a sua casa, como de costume, e pediu para ser liberado para resolver alguns problemas do cursinho que frequentava. Neste momento Igor questionou do PM se ele sabia o que teria acontecido com Alejandro. Ele disse que não sabia.

10h00 – 12h00

  • São convocados dois voluntários da Casa Militar do Município para viajarem com Alejandro para o Rio de Janeiro a fim de submetê-lo a tratamento de dependência química.

[Trecho de depoimento – Walter Nascimento]

[Trecho de depoimento – Rafael Leite]

15h30

  • Os PMs voluntários vão para o aeroporto e lá encontram Alejandro, que saiu do IML, onde fez corpo de delito, e foi direto para o Eduardo Gomes. Cabo Leite nota que Alejandro está sob efeito de drogas e que exala mau odor.

16h00

  • Alejandro viaja para o Rio de Janeiro na companhia do Sargento Nascimento e Cabo Leite. Antes de tomar conhecimento de que Flávio havia morrido, Elizabeth afirmou que decidiu que Alejandro seria internado compulsoriamente em uma clínica de reabilitação no Rio de Janeiro. No laudo de Alejandro consta que o mesmo já foi internado duas vezes nos últimos dois anos, na mesma clínica.

[Trecho de depoimento – Elizabeth Valeiko]

[Trecho de depoimento – Igor Gomes]

  • No avião, a aeromoça pergunta se Alejandro está “normal” ao observar seu estado. O Sargento Nascimento responde que “Alejandro tinha pânico de voo que o acompanhava, e que estava tudo bem”.
  • Durante o voo, Alejandro não teceu nenhum comentário sobre o que aconteceu na noite anterior, apenas pergunta para onde estão indo. Leite diz que estão indo para casa da avó de Alejandro, com intuito de deixá-lo tranquilo.

22h00

  • Eles desembarcam no Aeroporto Galeão (RJ). A família de Alejandro contratou uma equipe de remoção para dependentes químicos, a Resgat Saúde, que foi em uma caminhonete descaracterizada, fiat Toro branca. Acompanhado dos PMs, Alejandro entra no veículo normalmente porque realmente acreditava que ia para a casa da avó.
  • Ao chegarem na clínica Espaço Clif, Alejandro começa a demonstrar agressividade e tenta fugir da caminhonete, mas não consegue devido as portas estarem travadas. Ele não agride ninguém, mas chega a desferir socos no vidro da caminhonete.
  • Na sequência, Sargento Nascimento conversa com Alejandro para acalmá-lo. Uma equipe de enfermeiros da clínica vão ao encontro de Alejandro e o encaminham ao consultório médico. PM Leite relata que ouviu comentários daqueles enfermeiros dizendo que era a terceira vez que Alejandro era internado no local.

[Trecho de depoimento – PM Rafael Leite]

  • Nascimento afirmou não sabia que Alejandro era suspeito quando estava viajando e nem antes de viajar, informação que foi reforçada pelo PM Rafael, de que Alejandro ainda não estava em situação ilegal quando viajou.

[Trecho de depoimento – PM Rafael Leite]

TERÇA-FEIRA
21h00

  • Os PMs retornam a Manaus e Alejandro segue internado na clínica.


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