Em 08.10.2023 a CTL Parintins da Fundação Nacional do Índio junto com o Coordenador do DSEI Parintins estiveram na comunidade indígena Simão, no curso médio do rio Andirá, para participar do encerramento dos trabalhos da brigada de incêndio do Ibama de Itaituba/PA., que se encontrava destacada para essa comunidade desde o dia 14.09.2023 e tinha como objetivo combater o grande incêndio que se abateu sobre as aldeias do curso médio do rio Andirá.
130 há de florestas sofreram com as queimadas que prejudicou, sobremaneira, a vida dos animais que faziam desse território seus habitats, entre estes, desde as formigas até os grandes tatus. Segundo o líder da aldeia Kapi Hilário, 58 anos, só tem tatu, iguaria muita apreciada pelos comunitários, se a mata tiver ninhos de formigas para delas ele se alimentar. Sem roças, sem comidas, sem formigas, sem tatus, sem as tucandeiras para as nossas festas rituais a vida fica muito difícil.
As formigas tem importância relevante na vida cultural dos Satere, pois delas eles se utilizam para realizar o principal rito de passagem masculino da cultura Saterê Mawé: a dança da tucandeira.
28 homens da brigada do Ibama, vindos de Itaituba e Novo Progresso, no estado do Pará, deixaram suas casas, esposas e filhos e vieram para a aldeia Simão para ajudar no combate ao incêndio das florestas amazônicas.
A comunidade que os recebeu com carinho só tinha sorriso para os agradecer. Os brigadistas através de seu líder, Marcione, agradeceu em nome de todos os 28 brigadistas a recepção, apoio e orientação que os indígenas prestaram durante a permanência do grupo na comunidade. A CTL da Funai Parintins e o DSEI Parintins teceram agradecimentos ao grupamento de homens que não mediram esforços para controlar os focos de fogo.
E o sucesso da ações de deu, principalmente, ao uso da velha técnica do aceiro ao redor da roça para que sua queima fosse controlada e vigiada pelos próprios donos das roças. Tanto é que, a partir do dia 24.09.2023 o objetivo se transformou na feitura de aceiros e a queima de mais de 60 roças de 1,5 há cada. E interessante, as aldeias da região, dado a inexistência de um acidente com essa proporção não vinham fazendo o aceito (ou linha como também é conhecida a técnica) há muitos e muitos anos. Daí a necessidade de reeducar à população Saterê-Mawé na técnica do aceiro.
O corpo brigadista para a feitura do aceiro usa moto-serra, abafadores e motores sopradores deixando um caminho muito limpo no chão, de forma que, quando o fogo chega a esse ponto, ele morre por falta de combustíveis: folhas secas, gravetos e paú que formam a cama de material inflamável que alimenta o fogo.
Os Brigadistas do Ibama, dado a interação com a comunidade Simão, fizeram dela a base operacional de onde saíam para combater as queimadas nas aldeias próximas: Nova América, Umirituba, São José e Castanhal localizadas no médio rio Andirá.
No mesmo dia em festejávamos o encerramento desta etapa, outro rio da terra indígena Andirá/Marau, o Sapucaia Grande anunciava o início de outra grande queimada, que beirava consumir até as aldeias desse rio.
Conversamos com o pessoal da aldeia Simão, que recebeu o treinamento de combate aos incêndios e até a feitura deste, 12.10.2023 tivemos a informação que o fogo já estava sob controle dos comunitários orientados pelos indígenas da aldeia Simão, que, com ajuda do DSEI Parintins, estavam enfrentando e vencendo as queimadas.
Ariá = fogo, língua Mawé.
João Melo Farias
Ixé Tupinambarana