fbpx
carlos-santiago-artigo-768x741
Tadeu de Souza pode ser governador?

Por: Carlos Santiago

Sociólogo, Analista Político, Advogado e Membro da Academia de Letras e Culturas da Amazônia – Alcama.

Amor de mãe

shutterstock_512079628_1920

Na escuridão escuto ruídos, cânticos entoados por sentimentos alegres e com muita ternura. Um forte cheiro que me traz euforia, vento no corpo, barulhos repetidos, balanços contínuos, muitas vozes… uma sensação jamais vivida.

De repente, a luz! Vejo imagens, vejo bocas, encontro rostos, roupas coloridas, muitas mulheres, muita maternidade, nada de paternidade e várias crianças diferentes de mim. Uma boca encosta os seus lábios carinhosos e deixa o meu corpo ainda mais aquecido. A dona da boca tem um sorriso cativante, cabelos ralos e negros, pele branca, braços fortes, é uma mulher com altura que não se dobra para embalar redes.


As palavras dela eram sempre dirigidas ao menino com um tom amoroso, com saudações do dia, com músicas que ajudavam na alimentação da alma e do corpo. Também havia a repreenda ao pequeno pela maneira que se comportava no fundo da velha rede, na hora de receber a comida, no momento da refeição. Era uma mistura de sentimentos divinos de mãe e de sobrevivência do filho.


A casa era de madeira e com grandes janelas. A palha a cobria toda, deixando o sol entrar pelas suas pequenas imperfeições, o que a tornava ainda mais agradável. As enormes brechas nas paredes de madeira não escondiam qualquer segredo da vizinhança, mas isso pouco importava, pois quando a noite chegava e o fogo das lamparinas tornava-se o centro das atenções das crianças, tudo era alegria.


 Na rede, de frente pra janela, o menino se deparava com um quintal de enormes árvores e muitos frutos que serviam como alimentos em dias difíceis. Eram sempre dias difíceis! A luta pela comida era uma missão de vida. As árvores abrigavam pássaros que todos os dias externavam suas alegrias com sons agradáveis; as cigarras anunciavam a sua morte e a chegada de um novo tempo, uma nova estação, tarefa das jovens cigarras, o som delas dava continuidade ao som da vida.


Para além do terreno, havia casebres, moradias insalubres e ruas esburacadas que escorriam água com mau cheiro e muito mato. Lá, o andar era substituído pelo pular. Todos faziam esse mesmo movimento como se fosse uma brincadeira de criança. A área era de uma antiga lixeira da cidade de Manaus. A pobreza humana residia naquele lugar, onde o homem se misturava com o lixo. Era o local das aves famintas, das mães amadas e abandonadas, um espaço de alegria e de tristeza. Lá o homem pobre ia se adaptando ao ambiente, num pedaço de mundo, quase esquecido, que não impedia a sua plena reprodução.


Era o ano de 1970, e o menino com quatro anos, ainda não entendia o significado daquela realidade, os conflitos humanos e os mistérios da vida. Num mundo onde tantos lutam para saciar as necessidades básicas; outros buscam mais poder e riqueza, por meio de guerras, de ódio e de ganância.


Hoje, adulto, continuo fascinado ainda mais pelo eterno amor das mães pelos filhos, mesmo em situações adversas, elas resistem. Um carinho de mãe é o melhor remédio para suportar os absurdos e as tristezas do mundo. Por isso, Dona Maria Irene, minha mãe, nunca se esqueça nenhum segundo da minha gratidão e do meu amor por você.

Qual sua Opinião?

Confira Também

ZFM na Carta Magna, o amanhecer de uma nova era

Por Nelson Azevedo Há exatos 35 anos, o Brasil vivenciou um marco histórico com a aprovação da nova Constituição, marcando o fim do polêmico Ciclo Militar. A figura central deste marco foi o jurista Bernardo Cabral, que com esmero e dedicação, assumiu a relatoria do processo. Seu trabalho meticuloso pavimentou o caminho para o estabelecimento de um Estado Democrático de Direito mais robusto, oferecendo um resguardo mais amplo aos direitos civis, consolidando assim, um novo começo para a nação brasileira após anos de autoritarismo. Um Programa Visionário Emergindo das disposições transitórias da nova carta magna, o programa Zona Franca de

Leia Mais

CPI das ONGs quer ouvir presidente da Foirn

Requerimento vai ser votado nesta terça-feira, na comissão Federação representa 23 povos indígenas do Brasil e 750 comunidades Valéria CostaCorrespondente Brasília (ÚNICO) – A CPI das ONGs, em curso no Senado, vai votar na reunião desta terça-feira (3), requerimento que pede a presença do presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), Marivelton Rodrigues Barroso, para explicar sobre os recursos investidos neste ano para financiar projetos nas comunidades indígenas.A federação representa 23 povos indígenas do país que vivem em 750 comunidades. A sede da instituição fica no município de São Gabriel da Cachoeira (a 852 km de Manaus).A

Leia Mais
Flutuantes e barcos encalhados nos rios e igarapés que cercam Manaus (Foto: Michel DAntas/AFP)

David Almeida interdita área de banho e envia água e alimentos para comunidades

Wilson Lima anuncia novo monitoramento das queimadas e atendimento a Beruri CPRM aponta que a situação vai piorar na segunda quinzena de outubro Alessandra LuppoDa redação do ÚNICO A segunda-feira (2) foi de correria entre os órgãos públicos da capital e do interior, no combate à seca, às queimadas e aos acidentes naturais. Pela manhã, o prefeito de Manaus, David Almeida anunciou que começaram hoje tanto a interdição da praia da Ponta Negra para o banho – por três meses – quanto a distribuição de água e alimentos para mais de 6 mil pessoas nas comunidades ribeirinhas de Manaus, que

Leia Mais