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A Economia Verde é a economia do mundo sustentável?

Por: Michele Lins Aracaty e Silva

Economista, Doutora em Desenvolvimento Regional, Docente do Departamento de Economia da UFAM, ex-vice-presidente do CORECON-AM.

A seca e a economia

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A região amazônica já padece dos impactos causados pelo que os cientistas consideram como “a maior seca da história” potencialmente agravada pelo fenômeno El Niño que ocorre em intervalos de dois a sete anos causando redução dos regimes de chuva e secas mais intensas em toda a região Norte do país.

Tal cenário, pode ser observado até nos grandes rios, tais como: Rio Negro, Rio Solimões, Rio Juruá, Rio Purus e o Rio Madeira que registram níveis abaixo das cotas mínimas históricas. Ainda segundo os estudiosos, existe uma previsão de que os impactos da seca na região podem se estender até o primeiro semestre de 2024.

O cenário é de extrema preocupação visto que na Amazônia as estradas são os rios. É através deles que ocorre a dinâmica da economia regional uma vez que são responsáveis pela locomoção de pessoas, de mercadorias e abastecimento de água em regiões remotas.

Existe a preocupação de que a seca possa impactar sobre as vendas da Black Friday e Natal uma vez que a produção do Polo Industrial da Manaus é transportada via fluvial. Ademais, a seca dos rios na região impacta direta e indiretamente sobre o valor do frete e influência no tempo de entrega dos produtos.

O Polo Industrial de Manaus é responsável por 100% da produção nacional de ar-condicionado, televisores, lavadoras de louça e micro-ondas e por 40 a 70% da produção de celulares, computadores, monitores de vídeo e inúmeros outros produtos eletroeletrônicos demandados pelos consumidores no período das compras de final de ano.

Medidas emergenciais bem como a dragagem dos rios (para melhorar a navegabilidade) podem mitigar os efeitos e melhorar as condições de logística na região, mas não vão resolver o problema da seca que ocasiona impactos no âmbito econômico, social, material e ambiental. Acerca deste último, o impacto é observado sobre a população de peixes e botos que já aparecem mortos nos rios possivelmente por falta de oxigênio e em decorrência do aumento da temperatura da água.

A qualificação do capital humano também está sendo impactada. Mesmo com a previsibilidade do regime de cheia e vazante na região já incluso no calendário escolar as aulas deste ano estão comprometidas por causa das dificuldades de locomoção dos docentes e discentes e pela falta de água potável, inclusive nos poços artesianos que secaram rapidamente.

Recentemente, Manaus foi classificada entre as três cidades do mundo com a pior qualidade do ar (World Air Quality Index), a população da capital tem sofrido com a fumaça oriunda das queimadas que ocorrem no perímetro da Região Metropolitana de Manaus, os efeitos têm sido observados a partir do aumento do número de atendimentos nos postos de saúde e problemas respiratórios.

Por fim, no Amazonas, quase todos os 62 municípios estão em estado de emergência de acordo com as autoridades estaduais. Para tanto, medidas como a antecipação do pagamento do Bolsa Família, do Benefício de Prestação Continuada (BPC), Pronaf e Seguro Defeso foram acionadas para mitigar os impactos socioeconômicos da seca.

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