transferir
Relatório Mundial da Felicidade

Por: Michele Lins Aracaty e Silva

Economista, Doutora em Desenvolvimento Regional, Docente do Departamento de Economia da UFAM, ex-vice-presidente do CORECON-AM.

A Importância do Descarte Correto de Resíduos: Lixo Eletrônico

Como não amar a tecnologia bem como as inúmeras facilidades proporcionadas por ela em nosso cotidiano. São inúmeros os benefícios e facilidades: acesso à informação, ganho de tempo, mobilidade, comunicação mais precisa, acesso à serviços bancários, eficiência de custos, melhora nas técnicas de aprendizagem etc.
Pode-se dizer que o lixo eletrônico é, entre outras coisas, uma consequência do mundo tecnológico em que vivemos. Com novos aparelhos, funcionalidades e gadgets surgindo a uma velocidade muito maior do que há 20 anos, estamos consumindo muitas novidades e descartando mais.
Quando pensamos em futuro é inevitável falar sobre tecnologia e inovação que ao longo do tempo provocaram profundas mudanças no comportamento das pessoas e nos mais diversos setores da sociedade, mas você já parou para pensar nas consequências de todo esse processo? para onde deveria ir os resíduos dessa modernidade? Você sabe o que fazer com eles?
Para efeito de curiosidade, e para se ter uma ideia da importância e da preocupação com o lixo eletrônico, este ganhou um dia específico. É isso mesmo, considera-se o dia 14 de outubro como o Dia Internacional do Lixo Eletrônico.
Bom, para iniciarmos esta discussão, vamos aos números: o Brasil gera o equivalente a 2 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, ocupa o 1° lugar na América Latina e a 5ª posição em relação ao mundo. E o mais grave é que menos de 3% é reciclado.
Entre os principais equipamentos eletrônicos descartados, temos: os monitores de computadores, telefones celulares e baterias, computadores, televisores, câmeras fotográficas e impressoras.
O elevado número de equipamentos descartados de forma irregular tem se tornado um problema ambiental tanto no Brasil como nos demais países do mundo uma vez que, os pontos de descarte não acompanham o crescimento do mundo moderno.
O maior problema do descarte irregular está atrelado às substâncias químicas liberadas no meio ambiente: resina epóxi, fibra de vidro, PCB (bifenilas policloradas), chumbo, estanho, cobre, silício, berílio, carbono, ferro e alumínio, dentre outros. Tais substâncias podem provocar contaminação do solo e da água e em contato com o ser humano pode provocar doenças graves.
No caso do Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei n°. 12.305/ 2010 exige a implantação da Logística Reversa para produtos eletroeletrônicos e seus componentes, reiterando que a Logística Reversa constitui um sistema que possibilita o retorno de bens ou de seus materiais constituintes ao ciclo produtivo para reaproveitamento ou destinação adequada podendo retornar ao processo produtivo após a reciclagem ou serem reutilizados em aplicações diversas.
E o que vem a ser Logística Reversa? Para começar podemos afirmar que constitui um princípio baseado em Sustentabilidade, sendo: “um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”. Resumindo: a Logística Reversa visa a reinserção dos resíduos no ciclo produtivo impactando de forma positiva na redução da poluição ambiental, reduzindo o desperdício de insumos e incentivando a reutilização e reciclagem de produtos.
Para as empresas, a Logística Reversa proporciona eficiência econômica através de ganhos financeiros, reutilização de recursos e ganho de prestígio da marca, atendendo aos consumidores verdes ou consumidores conscientes.
A Responsabilidade Compartilhada também é abordada na PNRS e é considerada um dos principais instrumentos para a realização da Logística Reversa uma vez que direciona a atenção para o ciclo de vida dos produtos. Em relação ao ciclo de vida dos produtos, este é formado por uma série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção de insumos e matéria-prima, processo produtivo, o consumo e a disposição final adequada e responsável.
Contudo, cabe aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos a prática da Responsabilidade Compartilhada, com o objetivo de reduzir os impactos gerados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos.
Temos uma legislação que direciona todo o processo, mas reforçamos aqui a necessidade do fortalecimento da Educação Ambiental de forma a conscientizar todos os atores da cadeia em relação às suas responsabilidades e respectivas ações no âmbito econômico, social e ambiental.
Por fim, muitos fabricantes de equipamentos eletrônicos já implementaram a Logística Reversa com o objetivo de atender a legislação e de gerar impacto positivo, mas cabe ao consumidor que está no final da cadeia produtiva localizar um ponto de descarte para direcionar o seu lixo eletrônico de forma responsável.

O conteúdo deste artigo é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do ÚNICO


Qual sua Opinião?

Confira Também