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David Almeida, Eduardo Braga e Omar Aziz, um acordo possível ?

Por: Carlos Santiago

Sociólogo, Analista Político, Advogado e Membro da Academia de Letras e Culturas da Amazônia – Alcama.

A função social dos chatos

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Nem precisa de cota de gênero, de cota de raça nem de classe social, idade ou de letramento para ser uma pessoa chata. Pode agir com indelicadeza, com insistência e com ruídos, mas também pode se manifestar com excessiva delicadeza, com silêncio e com sutil ironia. E, em muitas ocasiões, a pessoa chata tem destacada função social, merecedora até de reconhecimento como patrimônio imaterial do país.

Não existe um tipo único de chato ou de chata. O chato ou a chata vão muito além da cidadania normativa, pois não precisam constar na Constituição para suas manifestações, nem possuem direitos e deveres específicos, não representam qualquer atividade funcional, mas seus modos e ações fazem a vida social se movimentar e os serviços públicos e privados funcionarem.

A pessoa chata não precisa de legitimidade científica, histórica, arqueológica, religiosa, de filosofia nem de conceito de espaço para existir, mas todos possuem uma “entalada” na garganta. Ela tem “garganta cheia” de gente. E, é só olhar para o lado ou para si mesmo que ela será encontrada.

O chato é mais realista do que um cético que não acredita em nada e que tudo tende a piorar, inclusive a própria existência humana. O chato reclama, reclama, fica furioso, fica ansioso, faz intromissão e perde o controle. No entanto, ele ainda acredita na vida e nos sistemas políticos e econômicos.

O pior chato se expressa com excesso de delicadeza. Conhecido também como “chato vaselina”. Só fala segurando o braço do outro, elogia constantemente todos e, ainda, sempre é um árduo defensor da fé espiritual ou do mundo material, usando citações de livros que levam debaixo dos braços, mas que ajudam pessoas com egos abalados, com crises financeiras e com ansiedades resultantes dos novos tempos.

Nas conversas sobre futebol, sobre política partidária, sobre a disputa entre Bolsonaro e Lula e sobre torcidas de Boi Bumbá de Parintins, o chato tem um campo fértil, mas sejamos justos, ele é quem geralmente faz leitura das regras dos temas em disputa. Assim é chamado ainda de tudólogo.

Tem o chato cínico. Esse é encontrado em maior quantidade na política. “Tudo para o povo, tudo em nome do povo”, diz ele. Tudo nele tem razão. São verdades absolutas seus feitos. Diz que é a representação do bem-estar da coletividade. Para combater esse chato cínico, somente o chato ético é capaz, pois adora saber detalhadamente de tudo que aconteceu nas decisões políticas para informar a coletividade.

Na vida, sempre tem uma pessoa chata que amamos. Pode ser nossos pais que nos fazem lembrar das escolhas na vida; o professor que vive cobrando o exercício; o treinador lembrando das metas para alcançar; a esposa ou o marido que só cobra e reclama; o(a) amante cobrando mais atenção; o político que defende a ética e o chefe no trabalho promovendo correções e exigências.

Tirando o chato cínico e o grotesco, há chatos e chatas que com suas chatices reclamam, cobram e realizam ações de interesses coletivos. Sem esses chatos e chatas os governos não agem, os ônibus não chegam, as filas não andam, as metas e as ideologias políticas e religiosas não funcionam.

Talvez, em 2022, ano das eleições gerais, precisaremos não somente de cidadãos, mas, também, dos chatos e das chatas para que o país funcione para todos e deixe de ser injusto e desigual com a presença de péssima qualidade política e de políticos sem ética.

O conteúdo deste artigo é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do ÚNICO

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