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Financiamento Verde

Por: Michele Lins Aracaty e Silva

Economista, Doutora em Desenvolvimento Regional, Docente do Departamento de Economia da UFAM, ex-vice-presidente do CORECON-AM.

A Educação Financeira e os Jovens

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No Brasil, a relação dos jovens com as finanças é considerada crítica e preocupante. Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 46% dos brasileiros com idade entre 25 e 29 anos têm dívidas em atraso e estão inadimplentes, entre os jovens de 18 e 24 anos, a proporção é de 19%. Juntos, esses grupos representam 12,5 milhões de jovens brasileiros que começam a vida adulta endividados (dados de 2021).
Em relação ao controle de gastos ou educação financeira, apenas 25% dos jovens afirmam que procuram fazer o seu planejamento financeiro em comparação aos 75% dos jovens da chamada Geração Z, que tem entre 18 a 25 anos, que afirmam não realizarem o controle de seus gastos.
Se questionados acerca das prováveis causas para não realizarem o planejamento financeiro, temos: 19% justificam não saber realizar o controle, 18% afirmam ter preguiça para fazer, 18% apontam como causa a falta de hábito ou indisciplina e 16% justificam a falta de controle financeiro por não terem rendimentos.
O endividamento no início da vida adulta acarreta inúmeros prejuízos. E levando-se em consideração o perfil deste jovem: tem pouca responsabilidade financeira e residem na casa dos pais ou familiares o seu descontrole financeiro pode provocar um comprometimento também na renda familiar.
De acordo com uma pesquisa realizada com os mais influentes coachings de educação financeira do país, entre as principais causas para o elevado número de inadimplência ou descontrole financeiro entre os jovens brasileiros está: “a falta de educação financeira na infância”.
Para um jovem que não teve acesso à educação financeira nos primeiros anos as novas responsabilidades oriundas da primeira experiência profissional, como por exemplo, o recebimento do primeiro salário e o primeiro cartão de crédito, torna-o extremamente vulnerável a cair no mau endividamento.
Dois outros pontos que merecem destaque são: a necessidade e a importância de se questionar o custo do crédito através das compras parceladas e ficar atento às enxurradas de propagandas que chegam através da mídia e das redes sociais.
Nessa idade, também existe a necessidade de inclusão, que faz com que eles percam o controle. Entretanto, na maioria das vezes, agir de forma impulsiva não parte da sua vontade consciente, é a forma que seu cérebro funciona. E vamos combinar que estes jovens vivem num ecossistema de descobertas e de estímulos.
Outros pontos que merecem destaques são: o imediatismo para adquirir um produto ou serviço, a dependência do crédito parcelado bem como a necessidade de consumir produtos exclusivos. Tudo isso contribui para o descontrole financeiro e para o endividamento destes jovens consumidores.
Como complemento a esta reflexão, deixo algumas dicas: se organize e faça uma lista de gastos, organize por categorias: alimentação, transporte, vestuário, lazer, estudos, outros; defina metas; corte gastos e despesas desnecessárias; estabeleça objetivos; invista no seu crescimento profissional, em cursos de capacitação e de formação; reveja hábitos de consumo e por fim, poupe e invista com o propósito de ganhos futuros.
Por fim, além da necessidade da educação financeira na primeira infância é imprescindível a parceria entre a família e a escola para que o hábito possa fazer parte da vida destes jovens consumidores. E não esqueça: o consumo não planejado sempre acarreta consequências futuras.

O conteúdo deste artigo é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do ÚNICO


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