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COP28 e o futuro da Amazônia

Por: Michele Lins Aracaty e Silva

Economista, Doutora em Desenvolvimento Regional, Docente do Departamento de Economia da UFAM, ex-vice-presidente do CORECON-AM.

A COP30 e a Economia Verde

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Com a confirmação de Belém – PA como sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP) no ano de 2025 a região ganha novos holofotes, principalmente em relação ao Desenvolvimento Regional Sustentável e à Economia Verde.

A realização de um evento deste porte na região constitui uma oportunidade única, uma vez que o foco das discussões das COPs é a preservação das riquezas naturais (biodiversidade). Assim, nada mais emblemático do que realizar a Conferência no coração da Amazônia.

  O evento ocorre anualmente e conta com a presença dos delegados governamentais dos países signatários da Convenção que dispõe do poder de voto, jornalistas, integrantes de organizações não governamentais e demais convidados que acompanham as discussões como observadores.

A realização do evento no Brasil é uma oportunidade para que possamos apresentar ao mundo uma agenda efetiva dos compromissos firmados nos eventos anteriores bem como uma chance de assumir o posto internacional de “potência da Economia Verde” apresentando um modelo de desenvolvimento regional justo e sustentável.

Até o evento (em 2025), o Brasil tem o compromisso de reduzir drasticamente os números de desmatamento, adotar uma estratégia sólida de transição energética, evitar a exploração de petróleo e gás em áreas de preservação e reforçar a proteção aos povos e territórios indígenas bem como de áreas de preservação.

Além da preocupação com os compromissos da agenda ambiental a realização do evento na Amazônia evidenciará as vulnerabilidades regionais, a violência e o descaso que assolam a região e que fazem parte do cotidiano dos amazônidas.

Lembrando que a região Norte, juntamente com a Nordeste, são as que apresentam os piores indicadores macroeconômicos dentre as regiões brasileiras, no caso: saúde, habitação, saneamento básico, desemprego, informalidade, escolaridade, Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).

Dessa forma, levando-se em consideração a realidade regional fica cada vez mais difícil apresentar ao mundo a Amazônia como um “Modelo de Desenvolvimento Regional Sustentável” sem falar do estado que sediará a COP30 (Pará) que registra os mais elevados indicadores de desmatamento entre os estados da Amazônia Legal.

Para tanto, vislumbra-se que a Economia Verde seja a solução mais promissora, uma vez que possibilitaria conciliar a geração de emprego e renda, respeito às populações locais e preservação ambiental com uso de tecnologias limpas, gestão sustentável dos recursos naturais e contribuiria para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

De acordo com um estudo realizado pela coalizão AYA Earth Partners (2023) para que a Economia Verde seja implementada no Brasil faz-se necessário investimento em capital industrial a natural estimado entre US$ 35 bilhões a US$ 76 bilhões por ano, ou seja, entre 2 a 4% do PIB brasileiro.

Ainda segundo o estudo (2023), a Economia Verde, poderá aumentar o PIB entre US$ 100 bilhões a US$ 150 bilhões anualmente até 2030, substituindo o modelo atual por um mais eficiente, baseado na natureza, positivo para o clima e centrado nas pessoas que vivem na floresta.

Apesar do cenário em descompasso com a proposta da COP pensar num novo modelo econômico com foco na Economia Verde possibilitará, se bem estruturado, corrigir as distorções provocadas pelos modelos de desenvolvimento anteriormente implementados na Amazônia que seguiram o direcionamento industrial ou foram embasados a partir de atividades concentradoras de renda, não contribuíram para o crescimento econômico regional e impactaram negativamente no aspecto social e ambiental.

Por fim, não podemos achar que a “Economia Verde é a nossa bala de prata” pois ativos ambientais não garantem, de imediato, a resolução de problemas estruturais e regionais.


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