A adultização das crianças em dancinhas nas redes sociais.

Eu não sei vocês, mas não curto vídeos de crianças maquiadas e produzidas como se fossem adultas, dançando e coreografando músicas como “Tapa na Raba”, “vai se tratar garota”, “Rolê, Vou botar pra geral…”, “Cachorrão do Brega”, “Piseiros…” e por aí vai.

Não sou especialista, nem psicóloga e muito menos mestra em qualquer coisa. Eu sou uma cidadã comum, com acesso a redes sociais e seleciono o que quero ouvir, brincar ou mesmo falar. Tenho opinião própria e como cidadã vejo o risco que estas mini-blogueirinhas, com perfil administrado pelos pais, correm.

O mundo atual é perverso!

Expor crianças, mesmo em forma de brincadeirinhas dançantes, considero de tremendo mal gosto. Pasmem! A maioria tem o perfil controlado por pessoas que deveriam protege-las, os pais. Quanto mais curtidas, mais famosas e, penso eu, é uma nova renda para família. Alguém sai ganhando com toda essa exposição.

A que preço?

Eu sei que hoje em dia, você falar de suas ideias ou emitir opinião sobre assuntos polêmicos, sempre corre o risco de ser cancelada. No entanto, a gente observa muita coisa só de olhar.

Semana passada, o filho de 16 anos de uma cantora de forró, se matou. O rapaz, querendo ser visto ou curtido nas redes sociais, postou cenas sensuais com o amigo. Ele achou bonito. Pensou em ganhar muitas curtidas e aumentar o numero de seus seguidores com o vídeo romântico.

Infelizmente, o rapaz que só queria ser engraçado, foi turbinado de comentários agressivos, maldosos…
Então, este adolescente fez um outro vídeo explicando que tudo não passava de uma brincadeira, mas nada adiantou. Os comentários maldosos continuaram e sem estrutura emocional para suportar as críticas, ele se matou.

Ele tinha 16 anos. Podia ser meu filho ou o seu.

A minha pergunta é: o que estamos fazendo com nossas crianças e adolescentes? Que sociedade estamos construindo, num mundo de emoções rasas, onde vale tudo por um clique.

Sabe, eu me preocupo. Eu não compartilho estes vídeos. Eu não acho engraçado. Eu queria muito saber escrever sobre o direito dos pais sobre seus filhos, das crianças, dos adolescentes, mas me sinto incapaz.

Uso esta escrita para falar disso numa forma de que outras pessoas possam repensar a maneira como estão projetando o futuro de nossas crianças e de nossa nação.

Eu sinto muito!

Maria Ritah, é atleta ultramaratonista, apresentadora e produtora do programa Conexão Gaia, da rádio Logos FM 87.9

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